General planejava atribuir a Dino a responsabilidade pelo 8/1, diz PF
Anotações encontradas pela PF (Polícia Federal) na casa do general Mario Fernandes mostram que o militar planejava difundir a narrativa de que a omissão do então ministro da Justiça, Flávio Dino, foi o que permitiu os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.
O que aconteceu
Divulgação da versão se daria na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investigou o caso no Congresso. O plano do general era usar o senador Marcos do Val (Podemos-ES) como um dos principais articuladores da movimentação.
Militar planejava acusar Dino de usar "chantagens para crescimento político". "FD (Flavio Dino) já afirmou que, se ele cair, ele levará o L (Lula), escreveu Fernandes no caderno encontrado pela PF.
Senador protagonizou ataques contra Dino. Conforme noticiou o UOL em dezembro de 2023, Marcos do Val virou alvo de investigação da PF por incitar militantes de direita a enviar o telefone do ministro em um grupo de WhatsApp. À época, o senador negou as acusações.
Dino recebeu mensagens ofensivas entre 14 e 15 de maio de 2023. Os recados chegaram dias antes da instalação da CPMI sobre os atos antidemocráticos no Senado, que aconteceu no dia 18 daquele mês.
Dino foi indicado por Lula para compor o STF (Supremo Tribunal Federal) em novembro de 2023. Em janeiro de 2024, ele tomou posse na Corte, que deve julgar os indiciados por tentativa de golpe, caso eles sejam denunciados pela Procuradoria-Geral da República.
General orientou golpistas até, pelo menos, 19 de dezembro e 2022. Segundo a PF, àquela altura, Fernandes pedia aos acampados em frente ao QG do Exército em Brasília que "aguardassem e que mantivessem as mesmas ações, a mesma vontade e o mesmo ímpeto".
General sugeriu uso da "força" contra TSE, diz PF
General participou de "prévia" de reunião de Bolsonaro com embaixadores. Em 5 de julho de 2022, Mario Fernandes e outras autoridades se encontraram com o então presidente.
No encontro, Fernandes sugeriu que fosse dado prazo à Justiça Eleitoral para que ela autorizasse acompanhamento das eleições. Na conversa, ele sugere "uma possível ação pela força", segundo a PF, caso isso não acontecesse.
Mauro Cid citou Fernandes como "um dos mais radicais". Em seu depoimento, o ex-assessor da presidência afirmou que o general "era uma das pessoas acionadas para tentar convencer o então Comandante do Comando de Operações Especiais, general Carlos Alberto Rodrigues Pimentel", a aderir ao golpe — de acordo com a PF.
Deixe seu comentário