Fernanda Torres não minimizou mortes de covid-19
Ricardo Espina
Colaboração para o UOL
02/12/2024 16h56
A atriz Fernanda Torres não minimizou as mortes causadas pela covid-19 nem torceu para que o coronavírus "abreviasse" o governo de Jair Bolsonaro, como afirmam posts compartilhados nas redes sociais e que pedem o boicote ao filme "Ainda Estou Aqui", estrelado por ela.
Os posts desinformativos distorcem um artigo escrito em 2020 pela artista no jornal Folha de S.Paulo. Na época, Fernanda Torres já havia sido vítima de notícias falsas semelhantes.
O que diz o post
"Hoje ela pede para não boicotarem o filme dela. Miserável. Eu guardei essa foto.", diz o texto da publicação.
Abaixo, há uma imagem de Fernanda Torres, acompanhada por uma frase supostamente atribuída à atriz: "Dane-se o povo e os cadáveres. Se o vírus cumprir 'sua missão' de 'abreviar' o governo, tudo está bem'.
"PATRIOTA. Não esqueça. A base de qualquer economia é o consumo!!! Sabendo disso, nossa maior força está no BOICOTE a tudo que vem da esquerda: produtos, serviços, shows, conteúdo, redes sociais, políticos, artistas, e etc, porque todas as coisas têm relação com as outras!!!", diz um comentário no Threads.
Por que é falso
Fernanda Torres nunca escreveu texto associando o coronavírus ao fim da gestão Bolsonaro. O UOL Confere pesquisou no Google o texto que os posts desinformativos alegam ser de autoria da atriz. Porém, os resultados da busca mostram apenas outras checagens desmentindo a informação (aqui).
Atriz criticou Bolsonaro e Edir Macedo em artigo. Em nova busca no Google (aqui), encontra-se o artigo escrito por Fernanda Torres na Folha de S.Paulo, em 22 de março de 2020. Intitulado "Ninguém sairá o mesmo da quarentena" (aqui), o texto aborda o descaso, na opinião dela, de figuras públicas como o pastor Edir Macedo e o então presidente Bolsonaro em relação à pandemia. "Torço para que o coronavírus, a exemplo da peste negra, abrevie o obscurantismo medieval em que nos metemos", diz a artista, que em momento algum relativiza as mortes provocadas pela doença ou insinua o desejo para que Bolsonaro deixasse o poder.
Artista escreveu novo artigo após ser vítima de desinformação. Uma semana após a publicação do primeiro texto, Fernanda Torres redigiu outro artigo, também veiculado pela Folha de S.Paulo. Nele, a atriz lamenta "a infelicidade" por "virar alvo das redes insociáveis". "Em nenhum momento tratei a calamidade como algo benquisto", frisou (aqui).
"Ainda Estou Aqui" retrata horrores da ditadura militar no Brasil. Baseado no livro homônimo, escrito por Marcelo Rubens Paiva, o filme é estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello (aqui). O longa ganhou o prêmio de melhor roteiro no Festival de Cinema de Veneza (aqui) e foi confirmado como um dos elegíveis para a categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar 2025 (aqui). A pré-lista de indicados será divulgada no próximo dia 17 (aqui). Sucesso de bilheteria, o filme já ultrapassou a marca de dois milhões de espectadores nos cinemas, segundo a Comscore (aqui). Porém, perfis de direita nas redes sociais pregam o boicote à película (aqui).
Este conteúdo também foi checado por Aos Fatos, Estadão e Reuters.
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