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Calamidade pública é decretada em 15 cidades de Alagoas; 1.087 estão desaparecidos

Município de Rio Largo, em Alagoas, é atingido pela forte cheia do rio Mundaú - Thiago Sampaio/Agência Alagoas
Município de Rio Largo, em Alagoas, é atingido pela forte cheia do rio Mundaú Imagem: Thiago Sampaio/Agência Alagoas

Carlos Madeiro<br>Especial para o UOL Notícias<br>Em Maceió

21/06/2010 09h47

O Diario Oficial de Alagoas desta segunda-feira (21) traz publicado um decreto de estado de calamidade pública para 15 municípios atingidos pelas enchentes desde a última sexta-feira (18). O Estado já registra, de acordo com balanços parciais, 19 mortes, 1.087 desaparecidos e 57.673 desabrigados e desalojados.

Integram a lista as cidades em calamidade pública: Quebrangulo, Santana do Mundaú, Joaquim Gomes, São José da Laje, União dos Palmares, Branquinha, Paulo Jacinto, Murici, Rio Largo, Viçosa, Atalaia, Cajueiro, Capela, Jacuípe e Satuba.

Além deles, os municípios de Ibateguara, Jundiá, Matriz do Camaragibe e São Luiz do Quitunde decretaram estado de emergência. O prazo dos decretos é de 90 dias, podendo ser prorrogados por igual período.

O decreto de calamidade, assinado pelo governador Teotonio Vilela Filho, prevê a convocação de voluntários para "reforçar as ações de resposta ao desastre", e a realização de campanhas de arrecadação de recursos junto à comunidade. "As atividades serão cordenadas pela Coordenadoria da Defesa Civil", diz o texto. A medida também agiliza o envio de recursos estaduais e federais às prefeitruas, eliminando, por exemplo, a necessidade de licitações.

Segundo último relatório da Defesa Civil, Alagoas tem 19 mortes desde o inicio deste sábado. Foram confirmadas mortes em União dos Palamares (6), Rio Largo (3), Branquinha (3), São Luiz do Quitunde (3), Santana do Mundaú (2), Paulo Jacinto (1) e Joaquim Gomes (1).

Cidades que decretaram calamidade pública

O número de pessoas desaparecidas também não para de crescer. A Defesa Civil informou que ainda procura por 1.087 desaparecidos, sendo que estimativa é que mil deles estejam no município de União dos Palmares, o mais atingido pelas enchentes. A cidade, com 62 mil habitantes a 72 km de Maceió, está a mais de 48 horas sem energia elétrica e teve a grande maioria de edificações destruídas. Braquinha (50) e Rio Largo (30) também possuem números elevados de desaparecidos. As buscas continuam nesta segunda-feira com seis helicópteros.

Já o número de desabrigados e desalojados no Estado chegou a 57.673, além de 4.508 pessoas que deixaram as casas provisoriamente. Segundo o Estado, 21 cidades foram afetadas pelas chuvas, e 15 delas decretaram estado de calamidade pública. O número de casas destruídas já passa de 5.200. Muitos municípios não concluíram o relatório de danos e ainda não informaram os dados precisos.

Atendimento médico
Ainda segundo a Defesa Civil, 800 pessoas tiveram ferimentos, sendo 50 delas graves, e 614 pessoas foram atendidas com algum tipo de enfermidade. A Secretaria de Estado de Saúde distribuiu mais de 200 mil unidades de remédios, soro fisiológico e luvas para atendimento às vítimas das enchentes.

Dos 21 municípios afetados, 13 ainda estão sem água potável. "Nós temos pessoas que estão há dois dias sem água, sem comida. Peço que tenham paciência, que o socorro está chegando. É crucial informar que não se deve tomar água da chuva, pois ela está contamidada, e já temos pessoas adoeçendo por isso", afirmou o secretário-excutivo da Defesa Civil, Denildson Queiroz. De acordo com ele, cada uma das cidades afetadas receberá ainda nesta segunda-feira pelo menos dois caminhões-pipa com água.

A Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros de Alagoas lançaram uma campanha para receber doações de agasalhos, comida e água. Todas as sedes dos Bombeiros, do Exército e da secretarias de Estado estão recebendo donativos. Uma conta bacária ainda deve ser aberta para receber doações em dinheiro de pessoas de outros Estados. "Nossa maior preocupação é comida e água potável, que estão faltando nas cidades", disse o coordenador da Defesa Civil, Neitônio Freias.

Neste domingo, o governador sobrevoou os municípios atingidos pela chuva e conversou com os prefeitos das cidades castigadas pela enchentes dos rios Canhoto, Camaragibe, Paraíba, Mundaú e Jacuípe. "É muito importante que o alagoano ajude nessa hora. Estamos vivendo uma situação dramática”, afirmou.

A Polícia Rodoviária Federal informou que a BR-101 continua interditada em dois pontos, nos municípios de Novo Lino e Rio Largo.

Hospital de campanha e MP
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu enviar recursos federais e criar um hospital de campanha para ajudar as vítimas das chuvas que atingem Pernambuco e Alagoas desde a semana passada. Até o momento, 31 pessoas morreram nos dois Estados (12 em Pernambuco e 19 em Alagoas) e mais de 70 mil estão desabrigadas.

“O primeiro cuidado é salvar vidas. O hospital de Palmares [em Pernambuco, na divisa com Alagoas] foi totalmente alagado. Nós estamos preparando um hospital de campanha da Aeronáutica para mandar para lá, e vamos ver, a partir de agora, como é que baixa a água para gente poder começar a limpar a cidade”, afirmou Lula nesta segunda-feira (21), durante o seu programa de rádio Café com o Presidente.

Lula ainda afirmou que enviou, no sábado, três ministros [dos Transportes, das Cidades e da Integração Nacional] para que analisassem o tamanho do prejuízo e o que poderia ser feito emergencialmente. Ele prometeu envio de recursos o mais breve possível para apoiar os Estados.

“Ainda ontem [domingo] à noite eu conversei com o governador de Alagoas [Teotonio Vilela Filho], conversei com o governador de Pernambuco [Eduardo Campos]. Certamente eles irão hoje à Brasília para que a gente possa conversar, para que a gente faça a MP [medida provisória] para liberar recursos para tentar evitar um mal maior. A chuva foi muito pesada. Tem muita gente desabrigada, tanto em Pernambuco quanto em Alagoas. Em Alagoas, ainda ontem o governador me avisou que tem mil pessoas desaparecidas. Tem muitas cidades que a água está cobrindo os telhados das casas”

O presidente ainda explicou que a reconstrução das casas só poderá ser feita num segundo momento, quando o nível da água baixar e todos os feridos forem atendidos. “Nós temos que esperar agora a água baixar para gente poder fazer o levantamento real dos prejuízos e ver aquilo que a gente pode fazer. Teve várias pontes que caíram, inclusive de estradas que nós estávamos construindo, que vai levar algum tempo para recuperar, mas nós temos que trabalhar com toda a urgência. Eu tenho certeza que nós vamos dar conta”, garantiu.