Aumento no preço do pedágio pesa no bolso de quem depende das estradas paulistas
O bolso de quem circula pelas estradas paulistas acordou "mais pesado" na manhã desta quinta-feira (1º). Desde 0h, estão valendo as tarifas reajustadas dos pedágios. O aumento, que pode chegar a 5,22%, vale para as vias administradas por concessionárias e baseia-se no IGP-M (Índice Geral dos Preços do Mercado) e no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).
A notícia desanimou os motoristas que dependem das rodovias. É o caso do engenheiro Raphael Siqueira, 25, que percorre cerca de 180 quilômetros, de segunda a sexta-feira, para ir da região de Campinas, no interior do Estado, até Barueri, na região metropolitana de São Paulo, onde trabalha. Para ele, a tarifa mais cara tem impacto direto no que sobra do seu salário no final do mês.
“Eu pagava R$ 13,50 para ir e R$ 16,30 para voltar, o que dava R$ 29,80 por dia. Agora serão R$ 31 por dia. Se considerarmos os 22 dias úteis do mês, eu gastava R$ 655,60 e passarei a gastar R$ 682. Essa diferença de mais de R$ 26 é praticamente um dia a mais de pedágio no mês”, calcula. (Confira no infográfico a rota utilizada por ele)
Siqueira ressalta ainda que apenas o aumento na tarifa compromete cerca de 1% do salário bruto que ele recebe, sem contar os impostos que normalmente são descontados. “No total, o que pago de pedágio diariamente passa a representar 26% da minha renda, já que a empresa onde eu trabalho não oferece ajuda de custo para quem vai de carro. Isso é mais do que eu gasto com combustível para o mesmo trajeto. Ou seja, o que já era absurdo vai se tornar ainda mais abusivo”, diz.
Santos
“Se você for pensar pela conservação da estrada, o pedágio é válido. O grande problema mesmo é ter que pagar mais e ainda contar com a insegurança”, completa o engenheiro Rafael Stella, 27, que atualmente mora em São Paulo, mas vai a Santos, no litoral paulista, todo final de semana para visitar a família.
Ele gasta pelo menos R$ 100 por mês em pedágios. O valor é ainda maior quando vai a Santos durante a semana ou quando precisa pagar o pedágio do Guarujá para chegar ao litoral norte. (Confira no infográfico a rota utilizada por ele)
Segundo o engenheiro, apesar do alto valor desembolsado, as histórias de assaltos nas estradas são recorrentes. “Todo mundo sempre escuta alguma história de alguém que foi assaltado no caminho, principalmente para quem pega a Anchieta. Em feriados e na alta temporada, o trânsito faz o motorista um alvo fácil para os bandidos”, afirma.
Stella também reclama que o reajuste pesa no bolso. “Além da gasolina, você já tem que se preparar para um gasto bem maior no final do mês. Colocando na ponta do lápis, o negócio é pensar duas vezes antes de sair de casa para ver se vale a pena mesmo ir. Muitas vezes tento juntar mais alguns amigos que também são de Santos para amenizar o impacto”, conta.
A tarifa no sistema Anchieta-Imigrantes passa de R$ 17,80 para R$ 18,50, na descida, e de R$ 8,20 para R$ 8,50, na subida da serra.
Ribeirão Preto
Quem costuma viajar para cidades distantes da capital sofre ainda mais com o valor desembolsado. A coordenadora de recursos humanos Luanda Farinha, 28, vai em média três vezes por mês para Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Em cada viagem, para percorrer 640 km (ida e volta), ela gasta cerca de R$ 85, o que totaliza R$ 255 no mês. (Confira no infográfico a rota utilizada por ela)
“As estradas são boas, não posso reclamar. Já precisei usar o serviço 0800 e fui rapidamente atendida. Mesmo assim, acho que o valor cobrado não compensa. Não é para tanto. É muito caro”, afirma.
Ela reclama ainda que paga mais R$ 7,40 para sair de Ribeirão Preto e chegar ao interior da cidade. O pedágio da rodovia Anhanguera (SP-330) na região de Sales Oliveira passa a custar R$ 7,70. “Tudo isso por um trecho de 40 minutos”, diz.
Farinha também defende que o jeito é mesmo encher o carro de amigos e dividir os custos. “Não deixo de viajar porque preciso visitar a minha família, mas o gasto me segura um pouco. E ainda sai mais barato duas pessoas viajarem em carro flex [que gasta menos combustível] que de ônibus, porque a passagem é muito cara”, afirma.
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