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Cerca de 70% de obras em Salvador têm irregularidades, diz Defesa Civil após desabamento

Uma casa de três andares desabou no Jardim Nova Esperança, em Salvador - Arestides Baptista/Agencia A Tarde/AE
Uma casa de três andares desabou no Jardim Nova Esperança, em Salvador Imagem: Arestides Baptista/Agencia A Tarde/AE

Heliana Frazão<BR>Especial para o UOL Notícias

Em Salvador

11/08/2010 17h46

Salvador registrou no final da tarde de terça-feira (10) mais um desabamento na cidade. Uma casa de três andares no Jardim Nova Esperança, periferia da capital baiana, caiu sem deixar vítimas após vizinhos do local ouvirem barulhos do rompimento da estrutura e avisarem o proprietário, que conseguiu fugir com sua família.


Este foi o terceiro caso em menos de um mês. No dia 17 de julho, quando chovia forte, ocorreram outros dois desabamentos em áreas distintas da capital: um casarão no centro histórico e um prédio de sete andares no bairro de Pernambués. No total foram quatro mortos; uma quinta vítima, que ficou sob os escombros, teve o braço amputado.

Na manhã desta quarta-feira (11), funcionários da prefeitura isolaram a área e começaram a retirar parte dos escombros no Jardim Nova Esperança. Técnicos e engenheiros da Defesa Civil constataram que a construção era totalmente irregular. “É uma obra construída sem qualquer critério. Todo o material era inadequado”, disse o engenheiro José Carlos Palma.

Para o subsecretário da Defesa Civil, Osny Bonfim, os últimos acidentes se diferenciam. Segundo ele, o prédio que desabou no dia 17 estava irregular, pois o alvará de construção havia sido negado pelo município, já o casarão no centro estava praticamente em ruínas e o imóvel da noite passada tinha sido construído havia mais de oito anos sem obedecer qualquer norma técnica de construção.

Segundo Bonfim, esse último caso é comum em Salvador. “Conforme um estudo do Crea (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura), cerca de 70% das obras, sobretudo residenciais, em Salvador possui algum tipo de irregularidade”, afirmou. O subsecretário disse ainda que a construção sem técnica é comum na periferia da capital, onde a famílias com poucos recursos constroem e vão ampliando aos poucos, fazendo os chamados “puxadinhos”, de acordo com as suas condições financeiras.

Nesta tarde, a Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município (Sucom) informou que tem intensificado as operações de fiscalização com o objetivo de combater as construções irregulares em Salvador. Durante a manhã de hoje foram emitidas quatro notificações, quatro autos de infração e duas interdições.