Prisões por 'conspiração' e protesto da oposição elevam tensão na Venezuela
A prisão de três juízes, dois promotores e um militar e a convocação pela oposição de um novo protesto para dezembro elevaram mais uma vez a tensão na Venezuela neste sábado (23).
O governo afirma que os detidos estavam envolvidos em um "plano de conspiração" contra o presidente Nicolás Maduro, enquanto o protesto promete ser um dos 'maiores da história do país'.
O que aconteceu
A informação da prisão dos três juízes, dois promotores e um militar foi divulgada pelo ministro do Interior, Diosdado Cabello. Pedro Velasco Prieto é presidente do circuito judicial penal, as juízas Maurelis Vilches Prieto e Maryol Plaza Hernández, além dos promotores Francisco Urdaneta José Gregorio Rondón, estão presos. Todos atuam no estado de Zulia, que fica no noroeste do país. O nome do militar não foi divulgado pelo governo de Nicolás Maduro.
Segundo Cabello, os cinco estariam armando um "plano de conspiração" comandados pela líder da oposição, María Corina Machado, os dirigentes Juan Pablo e Tomás Guanipa, e um importante empresário de Zulia, José Enrique Rincón, que estaria na Espanha. Não estão descartadas novas detenções, segundo o ministro do Interior. "Há mais empresários envolvidos, assim como grupos de 'paramilitares', que estão sendo treinados na Colômbia e no Equador para atentar contra a Venezuela", afirmou.
As autoridades venezuelanas dizem ter apreendido armas de diferentes tipos: seis fuzis de fabricação colombiana, um fuzil M4, oito fuzis AK47, seis fuzis M16 de fabricação americana, um lança-gramadas, uma pistola Glock e um drone. O governo da Venezuela denuncia constantemente planos de desestabilização. Esta semana, a vice-presidente, Delcy Rodríguez, assegurou que três instalações petroleiras foram atacadas como parte de um plano da oposição venezuelana pelo qual foram detidas 11 pessoas.
O protesto
Quase que ao mesmo tempo do anúncio das prisões, María Corina Machado e Edmundo González Urrutia convocaram um protesto no dia 1º de dezembro. O presidente Nicolás Maduro tem posse prevista para 10 de janeiro, após ser proclamado reeleito em meio a denúncias de fraude.
A líder, que está escondida após ser ameaçada de prisão, fez a convocatória em um encontro virtual com ativistas da oposição. "Temos que agir já", disse. Ela também prometeu ações "mais firmes e decisivas" no período que antecede a posse.
A oposição reivindicou a vitória de González Urrutia, alegando que tinha 80% das cópias dos resultados oficiais que comprovavam a vitória e as publicou em um site. Urrutia está em exílio na Espanha, e a oposição espera que a pressão internacional aumente após o reconhecimento do opositor como "presidente eleito" por países como Estados Unidos, Itália e Equador. Protestos deixaram 28 mortos, 200 feridos e mais de 2,4 mil presos. As manifestações foram sufocadas por uma "onda de repressão" do governo Maduro.
(Com AFP)
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