Estiagem já afeta 200 mil no RS; mais quatro cidades decretam emergência
Mais quatro cidades gaúchas decretaram situação de emergência por conta da estiagem que assola o Estado há cerca de 90 dias. Sant'Ana do Livramento, na fronteira oeste, Cerrito, Hulha Negra e Piratini, todas na região da campanha, encaminharam à Defesa Civil notificação preliminar de desastre (Nopred). O ato antecede a decretação de emergência.
O levantamento da situação foi realizado pela Emater, pelas secretarias municipais de agricultura e pela Defesa Civil. Em Livramento, que tem cerca de 83 mil habitantes, o prefeito Wainer Machado salientou que as perdas econômicas do município já chegam a 90% no caso de hortigranjeiros e de 60% nas lavouras de soja.
Em janeiro, a chuva acumulada na cidade atingiu 17 milímetros –menos da metade prevista para os dez dias do mês. "Não temos outra saída", lamentou o prefeito, que assinou o decreto na tarde desta segunda (10). Ele anunciou um plano de trabalho para acessar verbas estaduais e federais que financiem a construção de poços artesianos, microaçudes e bebedouros.
O rebanho leiteiro do município também foi atingido. Segundo o coordenador da Defesa Civil local, André Pereira, a perda na produção da matriz leiteira já chega a 40%. Nas 12 localidades rurais vistoriadas pelo órgão no final de semana, todas apresentavam déficit hídrico e dificuldade para abastecimento das populações rurais.
Em Hulha Negra, com 6.000 habitantes, o prefeito Carlos Machado reuniu a documentação durante o final de semana para embasar o decreto. No entanto, ele ainda não encaminhou o pedido à Defesa Civil estadual.
A bacia leiteira do município, que não registra chuvas regulares desde agosto, também registra uma perda de 40% na produção. Segundo Machado, mais de cem animais já foram perdidos na cidade em função da falta de chuva.
Em Piratini (17 mil habitantes), segundo relatório da Emater, há falta de água nas propriedades do interior e alguns animais já começam a morrer.
Sete municípios em emergência
Com estas cidades sobe para sete o número de cidades em situação de emergência –os municípios de Candiota, Pedras Altas e Herval, todos no sul do Estado, já haviam decretado. No total, mais de 200 mil pessoas estão sendo afetadas pela seca no Estado.
A estiagem é causada pelo La Niña, um resfriamento das águas do oceano Pacífico que causa escassez de chuvas na região Sul do país, especialmente no sudoeste do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, e em países continentais, como o Paraguai.
O governo do Estado começou a enviar nesta segunda aos municípios em situação de emergência cestas básicas para atender a população mais afetada pela estiagem. As primeiras cidades beneficiadas, segundo o chefe da Divisão de Assistência às Comunidades Atingidas, major Paulo Roberto Locatelli, são Candiota e Herval. As 600 cestas básicas devem chegar na terça-feira (11) à região.
Em Bagé, na campanha gaúcha, a prefeitura decretou racionamento. A cidade, entretanto, não está em situação de emergência. O fornecimento de água é dividido em períodos de 12 horas, das 3h às 15h, atingindo toda a zona urbana do município de 115 mil habitantes.
Em Herval, o prefeito Ildo Sallaberry deslocou escavadeiras à região rural do município para cavar poços artesianos emergenciais. A prefeitura já registrou prejuízos nas lavouras de milho, soja e feijão, além da pecuária leiteira. "O prejuízo é grande", resumiu Sallaberry.
No município de Candiota, que decretou situação de emergência no dia 22 de dezembro, o prejuízo já passa dos R$ 6,5 milhões nas lavouras e na pecuária. Segundo o prefeito Luiz Carlos Folador, a falta de abastecimento é mais grave na área rural – o abastecimento tem sido feito por meio de caminhões-pipa.
“Não chove regularmente há cerca de 60 dias", alarma-se Folador. O prefeito informou também que não há previsão de chuva forte para as próximas semanas. Mas a possibilidade de racionamento, como já ocorre em Bagé, está descartada por enquanto. Além de uma população menor, cerca de 10 mil habitantes, a cidade tem barragens com boa captação de água.
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