Abalado, comerciante nega ter agredido médica com computador no RS
O comerciante Vitor José Giordani, 59, negou nesta quinta-feira (24) que tenha agredido com uma CPU de computador a médica Adriana de Mello, plantonista do Hospital Conceição, em Porto Alegre. Segundo ele, o caso não passou de um acidente.
"Quando fui levantar da cadeira para ir embora, perdi o equilíbrio e caí sobre o monitor do consultório. Como a médica estava sentada e com a cabeça baixa, foi atingida e deve ter machucado o nariz ao bater na mesa", narrou o comerciante.
Giordani foi acusado pela médica de ter arremessado um computador contra ela, na noite de terça-feira (22), depois de discordar do diagnóstico apresentado pela plantonista.
Segundo a versão do comerciante, que estava acompanhado de sua esposa durante o atendimento, as condições de saúde em que se encontra não permitem que ele invista fisicamente contra alguém. "Mal tenho forças para caminhar. Como vou jogar um computador numa pessoa?", defendeu-se.
O comerciante, entretanto, confirmou que estava insatisfeito com o atendimento recebido no hospital. Com uma doença crônica, Giordani procurou a instituição para sanar um problema sanguíneo. Descontente com o diagnóstico da médica, ele acabou procurando atendimento na quarta-feira (23) pela manhã no Hospital de Pronto Socorro (HPS), onde foi atendido.
Giordani disse que foi quatro vezes ao Conceição na última terça-feira (22), tendo realizado um hemograma a pedido de um médico plantonista. Na entrada no serviço de emergência, às 9h, o paciente foi cadastrado com a pulseira amarela, que indica urgência leve.
Desde o dia 18 de fevereiro, o hospital aderiu ao Protocolo de Manchester, classificando os pacientes por cores de acordo com a gravidade de cada caso. A escala varia de vermelho (risco de vida) a azul (enfermidade leve).
O comerciante narrou que, dentro do consultório, solicitou à médica um procedimento rotineiro de flebotomia (retirada de sangue), indicado para pacientes que produzem hemoglobina em excesso. Segundo ele, os exames realizados no hospital indicaram a presença excessiva da substância no seu organismo.
Segundo ele, Adriana de Mello negou o procedimento alegando que o paciente não tinha a recomendação de um hematologista. Segundo a médica, que não conversou com a imprensa, o paciente teria derrubado o monitor no chão antes de atingi-la com a CPU.
A médica foi afastada do trabalho temporariamente depois do episódio. Na noite da agressão, ela registrou boletim de ocorrência no plantão policial do Hospital Cristo Rendetor, onde recebeu atendimento e foi medicada. Nesta quinta-feira, entretanto, Adriana retirou a queixa contra o comerciante. Como não há queixa formal, o caso não será investigado pela polícia.
O superintendente do Hospital Conceição, Neio Lúcio Fraga, disse que vai aumentar a segurança na emergência do complexo. Ele reconheceu que apenas dois homens fazem ronda periódica no local, mas sustentou que a suspeita de agressão é um "caso isolado".
"Trata-se de um paciente conhecido aqui no plantão, que deve ter tido um surto ou algo assim por não concordar com o diagnóstico que recebeu. Nossa orientação é para melhorar a segurança", disse o superintendente.
Segundo a assessoria do hospital, o paciente suspeito de agressão teve mais de cem entradas registradas na emergência no último ano.
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