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Rio Tocantins está 11 metros acima do normal em Marabá (PA); cidade deve decretar emergência

Sandra Rocha<br>Especial para o UOL Notícias<br>Em Belém

03/03/2011 20h29

O nível do rio Tocantins na cidade de Marabá, no sudeste do Pará, chegou a 11,56 metros acima do nível normal nesta manhã de quinta-feira (3). A cheia do rio alagou ruas de diversos bairros da cidade e fez subir o número de famílias desabrigadas.

Segundo balanço de hoje, o município tem 560 famílias atingidas pelos alagamentos, o correspondente a 2.254 pessoas. As famílias desabrigadas (que não têm para onde ir) somam 302 e as desalojadas (saíram para casas de familiares ou imóveis alugados) totalizam 179.

A previsão é que seja decretada situação de emergência na cidade em breve. O objetivo é receber ajuda financeira dos governos federal e estadual para dar conta dos prejuízos.

O prefeito Maurino Magalhães espera receber ajuda financeira dos governos estadual e federal para construir mais abrigos, fornecer cestas básicas e serviços, como os de saúde e segurança. Até agora, não há definição da quantia necessária.

A Defesa Civil trabalha com a possibilidade de agravamento da situação por causa da rápida subida do nível do rio Tocantins. Mas, o coordenador do 2º Distrito do Instituto de Meteorologia (Inmet), José Raimundo Souza, afirma que as chances de ocorrer uma cheia histórica são quase nulas.

Souza sustenta que a cheia do Tocantins está associada ao volume de chuvas na cabeceira do rio, no Estado de mesmo nome. E, por enquanto, o que se vê é que as chuvas não estão concentradas nesses pontos, favorecendo a predominância de cheias menos severas.

Na avaliação do meteorologista, o nível do Tocantins deve chegar a 12 metros ou até, no máximo, 15. O normal seria ele subir cinco metros e, numa situação atípica, chegar a 18 metros, como ocorreu na década de 80, quando foi registrada a marca histórica.

“Por enquanto, as chuvas estão dentro da normalidade. Já vai começar a reduzir as chuvas no Tocantins e Mato Grosso. Isso era previsto desde dezembro do ano passado”, comentou.

O secretário executivo da Federação dos Municípios do Pará (Famep), Josenir Nascimento, também fala em cenário dentro do esperado, tanto das chuvas quanto dos prejuízos a que elas estão associadas.

Conforme Nascimento, a prevenção aos problemas gerados pela cheia dos rios é uma ação de cada município, mas a "gestão de risco" em áreas alagáveis ainda é pouco valorizada no país. Ele não soube detalhar que tipos de ações foram feitas para evitar os prejuízos no Estado.

Ele afirma que, por enquanto, os problemas estão restritos às famílias desabrigadas. Quanto à produção agrícola, afirma que é preciso esperar o final de março para avaliar, pois, a intensificação das chuvas, em geral, destrói pontes e interdita estradas vicinais no Pará.

De acordo com Nascimento, cerca de 60 municípios paraenses negociaram ajuda ao governo federal, ano passado, para consertar os estrados do período chuvoso, mas os recursos, estimados em R$ 80 milhões, não chegaram.

O pedido foi feito ao Departamento da Defesa Civil, vinculado ao Ministério das Cidades. A reportagem tentou contato com o órgão, mas ninguém atendeu os telefonemas.