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Nível dos rios sobe cerca de 10 metros no Pará; Marabá tem 2.000 desabrigados

Sandra Rocha<BR>Especial para o UOL Notícias<BR>Em Belém

04/03/2011 20h18

Seis cidades do Pará estão sendo monitoradas pela Defesa Civil por causa da subida dos rios que cruzam os municípios do Estado. A situação de Marabá é considerada a mais grave e já obrigou mais de 2.000 pessoas a deixarem suas casas. A prefeitura do município decretou estado de emergência nesta sexta-feira (4).

Além de Marabá, o sudeste paraense tem a cidade de Tucuruí em observação constante. Já no sudoeste do Estado, estão sendo monitoradas as cidades de Altamira, Itaituba e Parauapebas, enquanto no Baixo Amazonas é Santarém que preocupa.

No último balanço divulgado pela Defesa Civil, hoje de manhã, o nível do Tocantins, em Marabá estava com 11,74 metros acima do nível normal e a tendência era que chegasse a 12 metros –ou até 15– caso as chuvas se intensifiquem na cabeceira do rio. A situação é considerada preocupante pela Defesa Civil quando o aumento alcança a marca de 10 metros.

O rio Xingu, em Altamira, estava com 7,2 metros acima do normal e a previsão é que a situação de quem mora próximo se agrave com a subida do rio a até 10,4 metros. Em Parauapebas, a marca de 9,53 metros do rio de mesmo nome é considerada crítica, com maiores riscos de alagamentos.

Por enquanto, apenas Marabá decretou estado de emergência, por recomendação da Defesa Civil. O órgão já havia alertado os municípios, em janeiro deste ano, sobre as cheias.

Previsão e alertas

O doutor em meteorologia e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Everaldo Barreiros, afirma que o serviço de monitoramento meteorológico e hídrico do Pará, do qual a instituição faz parte, tem condições de prever o cenário de subida dos rios com três meses de antecedência.

Ele explica que o objetivo do monitoramento é municiar as autoridades de informações que possam ajudá-las a atender as populações ameaçadas. As ações deveriam remediar os problemas, mas também são úteis para o planejamento de ações preventivas.

O problema, observa, é que a maioria se restringe a remediar e, em muitos casos, há agravantes como a forte migração para os locais alagáveis, a ocupação desordenada da cidade e a resistência de algumas famílias em deixarem o local. É o caso de Marabá.

O coordenador da Defesa Civil da cidade, Francisco Alves, afirma que bairros como o de Cidade Nova já foram construídos como alternativas, mas a realidade é que a maioria das famílias hoje desabrigadas pela cheia do Tocantins voltará para o local quando o volume do rio baixar.

A explicação dele é que as áreas são atrativas porque facilitam as atividades comerciais e de pesca dos moradores. Há também forte ocupação por pessoas que se instalam na cidade em busca de trabalho na área de mineração.

O professor Everaldo Barreiros adverte que, diante das pesquisas que mostram a intensificação das chuvas nos próximos anos –além da forte corrente migratória, da ocupação desordenada e da degradação ambiental–, os alagamentos tendem a se agravar.

Em Marabá, a prefeitura está remediando a atual situação construindo abrigos para os afetados. Sobre a demora das obras, apesar de o alerta ter sido dado em janeiro, o coordenador da Defesa Civil diz que houve atraso na aquisição de material de construção por causa de “burocracia”.