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Alckmin nega participação do governo em vazamento de vídeo com secretário ligado a Serra

Guilherme Balza

Do UOL Notícias<br>Em São Paulo

10/03/2011 13h04

Em entrevista coletiva após a cerimônia de assinatura da concessão do Rodoanel, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou nesta quinta-feira (10) que o governo de São Paulo não espionou o secretário de Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, o único do primeiro escalão do governo remanescente da gestão de José Serra (2007-2010).

Ontem, foi divulgado na internet vídeo (veja abaixo) que mostra um encontro do secretário com o repórter da Folha de S.Paulo Mario Cesar Carvalho no dia 25 de fevereiro, no shopping Pátio Higienópolis, zona oeste da capital paulista. Na ocasião, Ferreira Pinto entregou uma pasta ao jornalista.

Em 1º de março, reportagem publicada na Folha e assinada pelo repórter trazia denúncias contra o sociólogo Túlio Kahn, analista de planejamento da SSP e ligado ao grupo de Alckmin. Cogitou-se que a gravação tivesse sido feita a pedido de pessoas ligadas ao governo para derrubar Ferreira Pinto. Alckmin negou qualquer participação do governo do Estado e afirmou que o secretário “goza de absoluta confiança e está fazendo um bom trabalho na segurança pública”.

“Ninguém autorizado pelo governo solicitou fita para ninguém. Aliás, o shopping precisa explicar melhor isso. Porque ninguém do governo solicitou nada. Se alguém usou o nome do governo, o shopping não deveria ter fornecido”, disse o governador. “O secretário goza de nossa absoluta confiança e está fazendo um bom trabalho na segurança pública.”

Questionado sobre o conteúdo da conversa no shopping, Alckmin disse que Ferreira Pinto contou que os dois trataram de questões da pasta. “O secretário colocou claramente que a conversa que ele teve foi sobre questões da pasta. É absolutamente normal secretário conversar com jornalista, mesmo fora da secretaria. Eu não converso com vocês na padaria?”, disse.

A nomeação de Ferreira Pinto foi marcada por polêmica. Setores do governo e da polícia pressionaram o governador para que o secretário não fosse nomeado, em razão de uma suposta rigidez no enfrentamento a irregularidades nas polícias. Alckmin decidiu nomear Ferreira Pinto a contragosto de correligionários.

Em nota publicada ontem, a Folha de S.Paulo afirma que o repórter "se encontrou em local público com o secretário, autoridade da área de especialização do jornalista”. O jornal ainda “lamenta que imagens colhidas no circuito interno de um shopping center tenham sido utilizadas na tentativa de coibir o trabalho da imprensa”.

O Pátio Higienópolis, segundo o jornal, afirmou ter entregado as imagens "a órgãos oficiais por solicitação dos mesmos visando atender e colaborar na investigação de ocorrência de outra natureza". O shopping não diz quais são os "órgãos oficiais" nem se há determinação. judicial para isso.