Por que a Groenlândia é da Dinamarca, sem fazer fronteira com o país?
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, disse não rejeitar a ideia de tomar a Groenlândia à força. A maior ilha do mundo é de posse da Dinamarca —país a quase 3 mil quilômetros de distância e cerca de 50 vezes menor em tamanho. Entenda o motivo.
Groenlândia não é independente e nem um país
Groenlândia fica na América do Norte, mas seus cidadãos são europeus. Apesar da localização da ilha, seus pouco mais que 50 mil habitantes são considerados europeus, beneficiários da União Europeia e mais próximos culturalmente da Europa, graças à colonização nórdica.
Vikings ocuparam Groenlândia pela primeira vez em 982. O explorador norueguês "Erik, O Vermelho" foi condenado naquele ano ao exílio e viajou pelo estreito da Dinamarca até a Groenlândia, onde se fixaria e mais tarde traria mais colonos, de maioria católica. Em 1281, os cidadãos da ilha se submeteriam à coroa norueguesa. No século 15, possivelmente devido a um resfriamento da Terra, abandonariam a Groenlândia e retornariam à Europa.
Ilha foi "redescoberta" por missionário luterano. Em 1721, a ilha voltaria a ser colonizada, dessa vez por missionários luteranos que viajaram para evangelizar os habitantes da ilha, ainda católicos ou pagãos. A missão permitiu que mais assentamentos nórdicos se formassem, e a união dos reinos de Noruega-Dinamarca tomou controle total da ilha, impedindo que outros países negociassem com os groenlandeses ou entrassem no território.
Groenlândia pertence ao Reino da Dinamarca há 210 anos. Em 1814, a Dinamarca se separou da Noruega e reivindicou o território da Groenlândia para si. Desde então, a ilha conseguiu alguns direitos, como o de se tornar um território autônomo, em 1979, e o de ter um corpo governante, em 2008; mas não se tornou independente.
O que aconteceu
Trump sinalizou que pretende tomar o controle da Groenlândia e que cogita usar as Forças Armadas para isso. Em uma coletiva de imprensa que durou mais de uma hora, o presidente eleito dos EUA afirmou que "não poderia garantir nada" sobre o uso de coerção econômica e militar para ter controle sobre a ilha e também sobre o Canal do Panamá. "Posso dizer o seguinte: precisamos deles para a segurança econômica", completou.
Presidente eleito considera tarifas contra a Dinamarca, caso não haja acordo. Pouco antes dos comentários de Trump, seu filho Don Jr. chegou à Groenlândia para uma visita particular.
Dinamarca disse que "Groenlândia não está à venda". "Não acho que seja um bom caminho lutar uns contra os outros com meios financeiros quando somos aliados e parceiros próximos", disse a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, na noite desta terça-feira, em resposta aos comentários de Trump.
Primeiro-ministro da ilha negou venda do território e considera referendo de independência da Dinamarca. Múte Egede disse, há duas semanas, que "não devemos perder nossa longa luta pela liberdade". Em seu primeiro discurso de 2025, ele afirmou que "o próximo passo para a Groenlândia" é a independência e pediu para que os cidadãos considerem a ideia.
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