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Inquérito sobre acidente em parque de diversões de Hortolândia (SP) apura se houve homicídio

Janaina Garcia<br>Do UOL Notícias<br>Em São Paulo

14/03/2011 15h49Atualizada em 14/03/2011 16h22

A Polícia Civil de Hortolândia, no interior de São Paulo, investiga a possibilidade de homicídio culposo (sem intenção de matar) no acidente que matou uma adolescente de 14 anos, no último sábado (12), em um parque de diversões montado no bairro Parque Pinheiro. Segundo o delegado que preside o inquérito, José Leandro Moreira Falkine, serão averiguadas duas vertentes: eventual falha humana do funcionário que operava o equipamento ou falha mecânica do brinquedo.

A adolescente, que era acompanhada de uma amiga e uma tia, foi arremessada de uma altura de cinco metros e morreu em um hospital local. O parque de diversões foi periciado nesse domingo (13), até a madrugada desta segunda (14), e os depoimentos já começaram.

O primeiro a depor foi o encarregado operacional do parque, que, segundo o delegado, descartou falha mecânica no brinquedo “Gaiola”, mas admitiu a possibilidade de falha humana e de outros “pequenos incidentes, mas nenhum fato desta natureza” no local.

"Sabemos por ora que uma amiga da vítima teria desistido de continuar no brinquedo, e, quado saiu, a gaiola ficou destravada e mesmo assim o operador acionou o equipamento. Nisso a garota caiu, e, em uma volta, foi atingida por outra parte do brinquedo, caindo no fosso na sequência”, disse o policial, que completou: “Vamos aguardar outras provas que serão colhidas no curso do inquérito, principalmente as testemunhais, pois, segundo relatos de algumas pessoas, esse equipamento já estaria com defeito na trave antes do acidente e, mesmo assim, era posto em operação”.

Inspeção

Até o final desta semana, Falkine espera ouvir todos os responsáveis pelo parque, além de familiares da vítima. Na quarta-feira (16) de manhã, depõe o diretor administrativo do parque. Também para os próximos dias, o chefe do inquérito aguarda a documentação que comprove as condições técnicas de operação do parque, bem como alvará de funcionamento, ainda não entregue. “Já os notificamos para que o alvará seja entregue, e o Crea (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) inspecionou o local e pediu a Anotação de Responsabilidade Técnica que o parque precisa ter comprovando aspectos administrativos na habilitação desses equipamentos --se não entregar, pode pagar uma multa”.

Quanto ao monitor, explicou o delegado, além do depoimento será cobrada dele também a “qualificação técnica completa” para operação do brinquedo. Indagado em coletiva nesta tarde sobre a possibilidade de embriaguez do funcionário, no momento do acidente, o delegado não confirmou. “Até agora não tivemos nenhuma informação oficial disso, mas vamos ouvir as testemunhas”, encerrou.

 O inquérito tem 30 dias para ser concluído, com possibilidade de prorrogação por mais um mês.

Outros casos

0 último acidente registrado em um parque de diversões de São Paulo havia sido o de setembro de 2010, no Playcenter, com 16 pessoas feridas na montanha-russa “Looping Star” --no qual os passageiros passam por um "looping" de 20 metros de altura e a velocidades que podem atingir o pico de 90 km/h. Ninguém ficou ferido com gravidade.

Em julho do mesmo ano, duas meninas de 7 e 9 anos se feriram em um parque da avenida Jacu-Pêssego, vila Jacuí, zona leste de São Paulo, depois de se soltar uma trava do brinquedo em que estavam.

Em junho, morreu um menino de 12 anos depois de cair de um brinquedo em Campinas (91 km de São Paulo) no equipamento que simulava um vôo. No mesmo mês, no Rio de Janeiro, uma cozinheira de 61 anos caiu da montanha-russa de um parque temático na Barra da Tijuca (zona oeste) e morreu. Na época, o diretor e um engenheiro do parque foram indiciados pela polícia.

Em agosto de 2009, dez pessoas ficaram feridas em um parque de diversões na cidade de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) depois de caírem de um brinquedo giratório. Meses antes, em março, o adolescente Bruno Ramon Pereira, 15, teve morte cerebral na ao cair do brinquedo “Kamikaze". O brinquedo que teve a base de sustentação partida ao meio na cidade de Castro (148 km de Curitiba). Outras nove pessoas ficaram feridas.

Já no ano de 2008 foram pelo menos três acidentes em parques de diversões: em junho, o que matou um menino de 12 anos que caiu de um brinquedo em parque de Campinas; e, em março, o acidente que matou uma criança de dez anos em Itaquera (zona leste de São Paulo) e o que feriu 15 pessoas em um parque de Ribeirão das Neves (MG). O Dangle --um chapéu mexicano no qual os freqüentadores ficam em cadeiras penduradas por correntes --tombou com o grupo.