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Mais um diretor de parque de diversões admite falha no acidente que matou adolescente

Janaina Garcia<br>Do UOL Notícias<br>Em São Paulo

16/03/2011 21h06

Um segundo diretor do parque de diversões em Hortolândia (interior paulista) admitiu nesta quarta-feira (16) em depoimento à Polícia Civil da cidade a possibilidade de falha humana no acidente que matou uma adolescente de 14 anos, no último sábado (11).

Segundo o delegado que preside o inquérito, José Leandro Moreira Falkini, a possibilidade foi exposta hoje pelo diretor administrativo do parque, a exemplo do que já havia sido colocado, em depoimento na segunda (14), pelo diretor operacional do estabelecimento.

Aguardada também para esta semana, a documentação referente à licença de operação do parque no município já foi apresentada. “A situação está totalmente regular; o alvará de funcionamento concedido pela prefeitura também. Agora, é juntar os depoimentos tomados, os que ainda serão e tentar corroborá-los com outras provas”, afirmou o delegado, que deve ouvir nesta sexta (18) parentes da vítima e policiais que atenderam a ocorrência. “Mesmo assim, aguardamos para instruir o inquérito também o laudo pericial que está sendo elaborado pelo Instituto de Criminalística”, completou o policial.

O inquérito apura homicídio culposo (sem intenção de matar) em duas vertentes: eventual falha humana do funcionário que operava o equipamento ou falha mecânica do brinquedo.

Ainda esta semana, a polícia deve tomar o depoimento do funcionário, presente quando a adolescente caiu e morreu, na sequência, em um hospital local. Acompanhada de uma amiga e uma tia, ela foi arremessada de uma altura de cinco metros.

“Sabemos por ora que uma amiga da vítima teria desistido de continuar no brinquedo, e, quando saiu, a gaiola ficou destravada e mesmo assim o operador acionou o equipamento. Nisso a garota caiu, e, em uma volta, foi atingida por outra parte do brinquedo, caindo no fosso”, disse o delegado, no dia em que o inquérito foi instaurado.

Normas para os parques

Também hoje, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e a Adibra (Associação das Empresas de Parques de Diversões do Brasil) lançaram em São Paulo, em entrevista coletiva, as novas normas para parques de diversões, inspiradas em normas europeias e norte-americanas.

Em nota, a Adibra informou que as mudanças contemplam, em seu conteúdo, fabricação, operação, quesitos de segurança, restrições ergonômicas, restrições médicas e documentos de inspeções pelas quais um parque deve passar para poder operar. As novas normas foram elaboradas por uma comissão instituída em 2008 e composta por engenheiros, executivos e representantes dos principais parques brasileiros, além de fabricantes de brinquedos e do Procon.

Entre as novas normas estão critérios de alturas mínima e máxima, número de pessoas permitido em plataformas de acesso e arquibancadas dos brinquedos e, neles, saídas de emergência sempre desobstruídas.

Para o delegado que investiga o caso em Hortolândia, as novas normas são necessárias, mas poderiam ter vindo antes. “Agora que vão endurecer nas exigências? Tem que ser mesmo  mais minuciosa a fiscalização técnica desses parques, mas infelizmente precisam acontecer tragédias para que se atente a isso”, opinou.

Outros casos

0 último acidente registrado em um parque de diversões de São Paulo havia sido o de setembro do ano passado, no Playcenter, com 16 pessoas feridas na montanha-russa “Looping Star” --no qual os passageiros passam por um "looping" de 20 metros de altura e a velocidades que podem atingir o pico de 90 km/h. Ninguém ficou ferido com gravidade.

Em julho do mesmo ano, duas meninas de 7 e 9 anos se feriram em um parque da avenida Jacu-Pêssego, vila Jacuí, zona leste de São Paulo, depois de se soltar uma trava do brinquedo onde estavam.

Em junho de 2010, morreu um menino de 12 anos depois de cair de um brinquedo em Campinas (91 km de São Paulo) no equipamento que simulava um voo. No mesmo mês, no Rio de Janeiro, uma cozinheira de 61 anos caiu da montanha-russa de um parque temático na Barra da Tijuca (zona oeste) e morreu. Na época, o diretor e um engenheiro do parque foram indiciados pela polícia.

Em agosto de 2009, dez pessoas ficaram feridas em um parque de diversões na cidade de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) depois de caírem de um brinquedo giratório. Meses antes, em março, o adolescente Bruno Ramon Pereira, 15, teve morte cerebral na ao cair do brinquedo “Kamikaze". O brinquedo que teve a base de sustentação partida ao meio na cidade de Castro (148 km de Curitiba). Outras nove pessoas ficaram feridas.

Já no ano de 2008 foram pelo menos três acidentes em parques de diversões: em junho, o que matou um menino de 12 anos que caiu de um brinquedo em parque de Campinas; e, em março, o acidente que matou uma criança de dez anos em Itaquera (zona leste de São Paulo) e o que feriu 15 pessoas em um parque de Ribeirão das Neves (MG). O Dangle --um chapéu mexicano, onde os frequentadores ficam em cadeiras penduradas por correntes --tombou com o grupo.