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Além de peritos, técnicos da Prefeitura de São Paulo também vão vistoriar brinquedo do Playcenter

Oito pessoas ficaram feridas em uma falha do brinquedo Double Shock, no Playcenter, em São Paulo - Rubens Cavallari/Folhapress
Oito pessoas ficaram feridas em uma falha do brinquedo Double Shock, no Playcenter, em São Paulo Imagem: Rubens Cavallari/Folhapress

Janaina Garcia<br>Do UOL Notícias<br>Em São Paulo

05/04/2011 13h31Atualizada em 05/04/2011 15h50

O brinquedo Double Shock, no parque de diversões Playcenter (zona oeste de São Paulo), vai passar na tarde desta terça-feira (5) por uma vistoria de técnicos da Secretaria Municipal de Controle Urbano (Contru) responsáveis pela fiscalização do setor de segurança em estabelecimentos do tipo. Na sequência, confirmou a assessoria do Contru, a Prefeitura de São Paulo deverá anunciar medidas de reforço na fiscalização do parque.

De manhã, peritos do Instituto de Criminalística realizaram uma segunda perícia no brinquedo, interditado desde o acidente do último domingo (3) e no qual oito pessoas ficaram feridas. Três delas seguem internadas no Hospital Metropolitano de São Paulo --os três pacientes, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e com quadro clínico estável.

Segundo a assessoria de imprensa do hospital, somente hoje as famílias autorizaram a divulgação de informações dos internados. Adriana Pereira Barros, de 12 anos, teve lesões na região do abdômen, passou por uma cirurgia para a retirada do baço e está consciente; Susana Martins de Souza, de 20 anos, teve ferimentos no braço esquerdo e está se recuperando de uma operação realizada ontem para correção das lesões. Já Daniele Aparecida Pansarin, de 30 anos, teve ferimentos na cabeça e na perna esquerda e está em observação. Não há previsão de alta dos pacientes.

O acidente aconteceu por volta das 17h40, quando uma das travas abriu em plena operação do brinquedo. Os ocupantes caíram de uma altura de aproximadamente sete metros.

Hoje, durante todo o dia, o delegado responsável pelo inquérito, Marco Aurélio Batista, do 23º DP (distrito policial), em Perdizes (zona oeste), toma o depoimento de vítimas do acidente e de mais funcionários do parque. Ontem, três operadores depuseram e disseram que a trava de fato se abriu durante o funcionamento, mas não souberam explicar o motivo da pane. No final do dia, o delegado admitiu que um deles afirmara ainda que, três horas antes do acidente, às 14h30, havia sido constatada uma anormalidade no painel de informações do Double Shock. Segundo o depoente, os ocupantes foram retirados e, após uma vistoria feita pelo parque, uma vez acionada a manutenção, o brinquedo voltou à ativa.

Para o delegado, “é preocupante” o fato de esse ser o segundo acidente grave, no mesmo parque, em pouco mais de seis meses. No último, em setembro do ano passado, 16 pessoas ficaram feridas, sem gravidade, na montanha-russa Looping Star.

MP e Procon

Além da polícia, o MP-SP (Ministério Público de São Paulo) e o Procon também investigam o acidente. No MP, o caso rendeu dois inquéritos civis públicos instaurados pelas promotorias de Defesa do Consumidor e de Habitação e Urbanismo. No Procon, uma notificação emitida ao Playcenter pede que sejam prestados esclarecimentos quanto às circunstâncias do acidente. Além de horário, quantidade de ocupantes e providências adotadas no sentido de atender as vítimas, o órgão ainda pediu que a resposta seja comprovada com apresentação de laudos que informem sobre a manutenção dos brinquedos.

Playcenter

Em nota oficial, o Playcenter informou que “está contribuindo” com as investigações e prestando assistência aos feridos e aos familiares. O parque salientou ainda que não apenas o brinquedo do acidente, como os demais, “contam com manutenção diária e operam dentro das normas nacionais e internacionais”. Ainda de acordo com a nota, o Double Shock, de fabricação italiana, foi totalmente reformado em maio do ano passado e opera “dentro das normas nacionais e internacionais” de segurança.

O parque disse ainda que o Double Shock passou por simulações ontem com representantes não só da polícia como também do Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de São Paulo), do Contru (Departamento de Controle de Uso de Imóveis), da Defesa Civil e da Subprefeitura da Lapa (zona oeste) sem que tenham sido constatadas irregularidades.

O parque reabre na próxima sexta-feira (11) para a visita de uma excursão escolar. No sábado e no domingo, a operação será normal --à exceção, nos três dias, do brinquedo interditado desde domingo.

Outros casos

O último acidente grave em parques de diversão havia sido registrado no último dia 12, em Hortolândia (interior de São Paulo). Na ocasião, uma adolescente de 14 anos morreu depois de ser arremessada de uma altura de cinco metros no brinquedo conhecido por Gaiola. A polícia trabalha com a hipótese de homicídio culposo (sem intenção de matar) por eventual falha humana do funcionário que operava o equipamento ou falha mecânica do brinquedo.

Em 2010, no mês de julho, duas meninas de 7 e 9 anos se feriram em um parque da avenida Jacu-Pêssego, vila Jacuí, zona leste de São Paulo, depois de se soltar uma trava do brinquedo onde estavam. No mês anterior, morreu um menino de 12 anos depois de cair de um brinquedo em Campinas (91 km de São Paulo) no equipamento que simulava um vôo. Ainda em junho, mas no Rio de Janeiro, uma cozinheira de 61 anos caiu da montanha-russa de um parque temático na Barra da Tijuca (zona oeste) e morreu. Na época, o diretor e um engenheiro do parque foram indiciados pela polícia.

Em agosto de 2009, dez pessoas ficaram feridas em um parque de diversões na cidade de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) depois de caírem de um brinquedo giratório. Meses antes, em março, o adolescente Bruno Ramon Pereira, 15, teve morte cerebral ao cair do brinquedo Kamikaze. O brinquedo que teve a base de sustentação partida ao meio na cidade de Castro (148 km de Curitiba). Outras nove pessoas ficaram feridas.

Já no ano de 2008 foram pelo menos três acidentes em parques de diversões: em junho, o que matou um menino de 12 anos que caiu de um brinquedo em parque de Campinas; e, em março, o acidente que matou uma criança de dez anos em Itaquera (zona leste de São Paulo) e o que feriu 15 pessoas em um parque de Ribeirão das Neves (MG). O Dangle --um chapéu mexicano, onde os freqüentadores ficam em cadeiras penduradas por correntes --tombou com o grupo.