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Secretário admite "excesso" da GCM durante marcha em SP

Janaina Garcia<br> Do UOL Notícias

Em São Paulo

23/05/2011 12h54Atualizada em 23/05/2011 16h59

O secretário municipal de Segurança Pública de São Paulo, Edson Ortega, admitiu nesta segunda-feira (23) a possibilidade de "excessos" por parte da Guarda Civil Metropolitana (GCM) na manifestação realizada sábado (21) no centro da capital paulista. Na ocasião, manifestantes saíram pela avenida Paulista com cartazes em defesa da liberdade de expressão e da legalização da maconha. O grupo foi reprimido pela Polícia Militar com balas de borracha e bombas de gás, além de socos, pontapés e outras ações truculentas desferidas também por parte de representantes da GCM.

Em entrevista ao UOL Notícias, Ortega afirmou que as imagens divulgadas pela imprensa e os relatos de abusos, feitos pelos manifestantes, dão base à abertura de um processo de investigação pela Corregedoria do órgão. "Todas essas denúncias e as imagens evidenciam que possa, sim, ter havido excesso. O caso será apurado e as pessoas, chamadas a depor", declarou o secretário, que completou: "É importante que mesmo quem foi agredido nos procure e venha depor, até para que as provas no processo sejam consistentes".

Segundo o secretário, não existe uma orientação para que a GCM aja desta maneira. "Temos uma cultura de paz, não apoiamos a agressão a pessoas e claro, vamos avaliar quais foram as circunstâncias que tenham levado um integrante da guarda a agir daquela maneira. A menos que seja em situações extremas, o que, para mim, não foi o caso [da passeata em São Paulo], apenas damos apoio à PM em atuação complementar, além de fazer a segurança dos prédios públicos", declarou. Sobre a conduta da polícia no episódio, se esquivou: "Só posso falar da guarda, que é a instituição a mim vinculada".

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), preferiu não opinar sobre a conduta da GCM na manifestação. "Prefiro aguardar o trabalho desta comissão que investigará se houve ou não excesso", resumiu.

A manifestação

A Marcha da Maconha em São Paulo foi substituída neste sábado (21) por uma manifestação "pela liberdade de expressão", segundo seus organizadores. Com cartazes que também defendiam o uso da droga, os jovens foram reprimidos pela PM com balas de borracha e bombas de gás, mas completaram o percurso até a praça Roosevelt, definido de véspera. Seis pessoas foram detidas e liberadas horas depois, após assinatura de termo circunstanciado. 

A marcha havia sido proibida por decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, que, na sexta (21), atendeu ação movida pelo Ministério Público Estadual. Para o MP, movimento poderia representar crime de indução ou instigação ao uso de drogas.