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Caso "Bruxas de Guaratuba" volta a ser julgado no Paraná; veredito deve sair neste sábado

Beatriz Cordeiro Abagge (à esquerda), acusada de ter matado o menino Evandro Ramos Caetano em 1992, volta ao Tribunal em Curitiba - Carlos Kaspchak
Beatriz Cordeiro Abagge (à esquerda), acusada de ter matado o menino Evandro Ramos Caetano em 1992, volta ao Tribunal em Curitiba Imagem: Carlos Kaspchak

Carlos Kaspchak

Especial para o UOL Notícias<br>Em Curitiba

27/05/2011 17h05

Começou na manhã desta sexta-feira (27), na 2ª Vara do Tribunal do Júri, em Curitiba (PR), o novo julgamento de Beatriz Cordeiro Abagge, uma das cinco pessoas acusadas de terem matado o menino Evandro Ramos Caetano, de 6 anos, em 1992, no caso que ficou conhecido nacionalmente como “Bruxas de Guaratuba”. Celina Abagge, mãe de Beatriz e também acusada, não será julgada. Nenhuma das duas falou antes do início do julgamento, que está previsto para terminar neste sábado (28).

O caso é um dos mais polêmicos da história do judiciário paranaense. O primeiro julgamento, em 1998, durou 34 dias, gerou um processo com 70 mil páginas, mas acabou sendo anulado. As acusadas sempre alegaram que foram torturadas para que confessassem o crime e negam qualquer participação nele.

A polícia e o Ministério Público levantaram a hipótese de que a morte foi motivada por ritual de magia negra, pois o corpo foi encontrado mutilado e sem parte dos órgãos internos. Mas há dúvidas se o corpo encontrado é do menino Evandro Caetano. Também é questionada a autenticidade das provas e dos laudos periciais.

Defesa e acusação

O promotor Paulo Sérgio Markowicz foi enfático ao falar com o UOL Notícias. “Não tenho qualquer dúvida de que elas são culpadas. Todas as provas apontam para a responsabilidade delas. Acredito que os jurados vão decidir pela condenação de Beatriz Abagge.” Ele explicou que Celina Abagge não será julgada porque completou 70 anos e por isso o prazo de prescrição, que seria de 20 anos, conta pela metade. “A punibilidade dela foi extinta.”

“Este é o maior erro do judiciário do Paraná. Não há qualquer crime cometido. Tudo é decorrente da alucinação e da mente de uma pessoa reconhecidamente com problemas mentais. As confissões foram obtidas sob tortura”, afirmou o advogado de defesa, Adel El Tasse, para o UOL Notícias. Para ele, suas clientes não deveriam nem ter ido a julgamento. “Tudo o que aconteceu foi uma farsa sensacionalista.” Tanto a defesa como a acusação acreditam que o julgamento será encerrado no sábado.

Muitas pessoas estão acompanhando o julgamento. O plenário do Tribunal do Júri está lotado. São mais de 250 pessoas no local. Curiosos, advogados, estudantes de Direito e jornalistas disputam um espaço para acompanhar. Também há faixas e cartazes espalhados do lado de fora, além de pessoas com camisetas estampadas com a frase: “Não à tortura, Beatriz é inocente”.

O júri é composto por três homens e quatro mulheres. Serão eles os responsáveis por decidir se Beatriz Abagge é culpada ou não depois de ouvir as testemunhas, três de defesa e cinco de acusação, e as alegações dos promotores e dos advogados de defesa. Os jurados não podem conversar entre si e devem ficar isolados até o final do julgamento. Até o momento desta reportagem três testemunhas haviam falado.

Outros acusados

Outras cinco pessoas foram acusadas de participar do crime. O pai de santo Oswaldo Marcineiro, o pintor Vicente Paulo Ferreira e o artesão Davi dos Santos Soares foram julgados e condenados por homicídio triplamente qualificado, em 2004. Os dois primeiros receberam 20 anos de prisão, e o último, 18 anos e dois meses. Em 2005, Francisco Sérgio Cristofolini e Airton Bardelli foram absolvidos das acusações.