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Animais idosos e doentes ameaçam esvaziar atrações do Zoológico de Goiânia

Lourdes Souza

Especial para o UOL Notícias<br>Em Goiânia

29/05/2011 06h00

Mais da metade dos animais do zoológico de Goiânia (GO) está doente ou com idade avançada, corre risco de morte iminente e pode causar, com isso, um esvaziamento das principais atrações do lugar: eles próprios, os bichos.

O zoo, segundo o diretor, Raphael Cupertino, passa por um período de “asilamento” de animais adultos e idosos. “A média de vida dos animais é de 15 a 20 anos, e a maioria dos nossos bichos já está na fase adulta ou na idosa”, disse Cupertino.

Com 35 anos, o bisão sofre com problemas articulares e está em período de sobrevida. O habitante mais velho vive há 25 anos no local, sendo que o tempo médio de vida da espécie é de 22 anos.

Um dos casos mais graves é o da macaca cairara, que por causa da idade segue dieta rigorosa e se alimenta com mamadeiras de vitamina. Há 34 anos no zoo, ela sofre com problemas nas articulações e foi separada do grupo, formado por um macho e duas fêmeas, para ficar em observação.

De acordo com Cupertino, o quadro de saúde não é favorável, e a macaca integra a lista de animais debilitados que podem morrer a qualquer momento. Com cerca de 15 anos de idade, o leão Juba tem um carcinoma no olho direito e deve passar por mais uma cirurgia em breve.

O leão, que chegou ao zoológico em 2003, pode até perder o olho nos próximos dias. “Ele fez uma cirurgia na semana passada e agora vai passar por outra. Estamos tentando de tudo para evitar a retirada do olho, mas é uma possibilidade”, informou o diretor.
O mesmo acontece com a ursa Luci, que está com aproximadamente 20 anos e chegou ao zoológico antes de 2005. Considerada idosa, ela tem dificuldade para andar e sofre de deficiência hepática.

Nascido no zoológico, o casal de tigre e tigresa chegou aos 15 anos, ou seja, na fase adulta, e também passa por complicações de saúde. O tigre está com compressão nas vértebras, que dificulta a locomoção.

A tigresa tem deficiência nas articulações da coxa e um tumor de mama. Durante essa semana, ela passará por novos exames na Faculdade de Veterinária, da Universidade Federal de Goiás, para verificar se o câncer atingiu o estágio de metástase.

Fechado desde julho de 2009 para reformas, a previsão é de que as obras estejam terminadas até 31 de dezembro deste ano.

O barulho provocado por máquinas e trabalhadores provoca estresse em alguns animais, o que ajuda a debilitar aind mais a saúde dos que já estão doentes.


Somente neste ano, o zoológico perdeu 14 animais do plantel. A maioria das mortes, segundo Cupertino, teve como causa problemas de saúde decorrentes da idade avançada.

No dia 14, morreram uma fêmea de antílope, de 12 anos, uma macaca barriguda e um filhote de mouflono (tipo de carneiro com chifre em formato de concha). “Foram mortes naturais devido ao ciclo de vida avançado ou malformação genética”, disse Cupertino.

“No bico do corvo”

Nos últimos dois anos, as perdas do zoológico de Goiânia chegaram a 177 animais (68 mortes em 2010, 109 em 2009), mas o diretor da unidade diz que os números têm diminuído ao longo dos anos.

O que os técnicos do zoológico querem mesmo ver longe dali são os urubus que sobrevoam a área e, não dificilmente, espreitam um ou outro habitante do zoo que esteja “no bico do corvo”, como é o caso do jacaré. O número de urubus gera, ainda, reclamações dos moradores das redondezas.

Segundo Cupertino, medidas mais coercitivas, como translocar as aves para outro ponto na cidade, só poderão ser tomadas após estudos e autorização dos órgãos competentes, já que os urubus são protegidos pela legislação ambiental.