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Suspeito pela morte de camponês em Rondônia é preso; detido tem vínculos com madeireiras ilegais

Do UOL Notícias <BR> Em São Paulo

30/05/2011 15h15

A Polícia Civil de Rondônia prendeu na manhã desta segunda-feira (30) Ozéas Vicente, suspeito de ter assassinado o líder camponês Adelino Ramos, o Dinho, na última sexta-feira (27). A prisão foi feita após Vicente ter se apresentado à delegacia de Extrema, que fica na divisa com o Acre, a cerca de 45 km do local do crime. A mulher e as duas filhas do camponês --uma de seis anos e outra de dois-- presenciarem o homicídio.

Segundo a secretaria de segurança pública de Rondônia, o suspeito se entregou após descobrir que estava sendo perseguido por cerca de 40 policiais militares e agentes da Polícia Federal. Ainda de acordo com o órgão, Vicente era responsável pelos caminhões que carregavam as toras de madeira retiradas ilegalmente da floresta.

O suspeito está sendo conduzido para a delegacia de homicídios, em Porto Velho, onde será interrogado. A polícia investiga o envolvimento de outras pessoas no crime.

Vítima sobreviveu a massacre

Dinho foi morto enquanto vendia verduras em Vista Alegre do Abunã, um distrito de Porto Velho. O crime foi presenciado por cerca de 40 pessoas. Segundo a secretária de segurança pública, o camponês conhecia o assassino.

A vítima era um dos sobreviventes do massacre de Corumbiara, ocorrido em agosto de 1995, no qual 12 agricultores, entre eles várias crianças, morreram nas mãos de supostos paramilitares.

Ele denunciou recentemente exploradores ilegais de madeira nos Estados do Acre, Amazonas e Rondônia e pediu a instalação de um acampamento para camponeses deslocados. A denúncia ajudou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) na apreensão de madeira e gado em áreas de preservação.

O agricultor sofria perseguições há anos e em julho do ano passado denunciou outra vez ameaças contra sua vida e o risco que corria. Ele era o líder do Movimento Camponês de Corumbiara, que surgiu após o massacre de 1995, afirmou a CPT.

Questionada pela reportagem, a secretaria afirmou que Dinho não estava sob proteção porque não relatou as ameaças que vinha sofrendo à polícia.

Outras mortes

Na semana passada, quatro camponeses foram mortos na Amazônia. Além de Dinho, as outras três mortes ocorreram no sudeste do Pará. Na terça-feira (24), o casal de castanheiros José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo foi assassinado em Nova Ipixuna.

Ontem, o corpo do agricultor Eremilton Pereira dos Santos, 25, foi achado por uma equipe do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que fazia uma fiscalização na área. Santos estava desaparecido desde quinta-feira (26).

Santos foi morto no mesmo assentamento em que o casal foi assassinado. Segundo a CPT, a vitima pode ter testemunhado a morte de José Cláudio e Maria do Espírito Santo.

Veja onde os camponeses foram mortos