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Inspirado em Rubem Fonseca, empresário de Sorocaba despachava cocaína para África e Europa

Especial para o UOL Notícias<br>Em Sorocaba

08/06/2011 19h13

A Polícia Federal prendeu na manhã desta quarta-feira (8) cinco pessoas por tráfico internacional acusadas de enviar cocaína para África e Europa dentro de portas de madeira. O acusado de comandar o esquema é o empresário Igor Tiago Christea, que mantém em Sorocaba (a 90 km de São Paulo) empresas de importação e exportação de fachada e admira a obra de Rubem Fonseca.

Uma das empresas de fachada de Christea é a Ziff, mesmo nome da empresa pertencente ao personagem criminoso do livro O Seminarista, de Rubem Fonseca. Na obra, o criminoso está envolvido com o tráfico de drogas. No descritivo de atuação da Ziff real, a empresa consta como um comércio atacadista de máquinas e equipamentos para uso industrial, prestadora de consultoria em gestão empresarial, entre outras.

Também em homenagem à obra de Rubem Fonseca, a Polícia Federal batizou a operação de Seminarista. Todos os detidos foram indiciados por tráfico internacional de drogas e formação de quadrilha. A investigação em território nacional foi iniciada depois que a PF recebeu uma informação repassada pelo DEA (Drug Enforcement Administration), principal braço norte-americano de repressão ao tráfico.

Em 20 de maio policiais já haviam apreendido no porto de Santos, litoral paulista, um contêiner com 140 quilos de cocaína pertencente ao empresário. Segundo as autoridades, atualmente o esquema tinha capacidade para enviar 150 quilos de cocaína para o exterior por semana.

Do sulfite às portas

Segundo o delegado Vinícius Loque Sobreira, da delegacia da Polícia Federal em Sorocaba, Christea teria começado a traficar cocaína em contêineres há três anos, transportando-os com navios para Europa e África.

Inicialmente o empresário teria feito o tráfico escondendo a droga entre folhas de papel sulfite, mas como a quantidade não atendia às necessidades do bando, a cocaína passou a ser dissolvida em álcool combustível para então evoluir às portas de madeira.

“O negócio foi crescendo. Hoje o grupo possuía uma capacidade instalada para enviar 160, até 200 quilos por semana”, disse o delegado. Sobreira afirma que a o flagrante realizado em 20 de maio também confirma que Christea atendia ao mercado interno.

“Além dos 160 quilos que estavam no contêiner, prendemos um casal que transportava em um táxi 20 quilos que haviam sido comprados do bando." Para não atrapalhar a investigação, o delegado não revelou de onde vinha a cocaína traficada pelo empresário.