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Após acidente que matou 16 pessoas em Recife, Noar Linhas Aéreas retoma voos

Thais Gouveia*<BR>Especial para o UOL Notícias<BR>No Recife

14/07/2011 06h01

A Noar Linhas Aéreas deve retomar suas operações nesta quinta-feira (14), um dia após a queda de uma de suas aeronaves, que deixou 16 mortos em Recife (PE). As atividades ficaram suspensas durante toda a quarta-feira (13). Três voos deixaram de ser realizados –dois para Maceió (AL) e um para Mossoró (RN)– depois que o bimotor L-410 caiu e explodiu poucos segundos após decolar do Aeroporto Internacional dos Guararapes. Todos os 16 ocupantes da aeronave morreram.

A média mensal de voos da companhia aérea é 270, mas esse número deve diminuir já que, com a queda do avião, a frota da empresa foi reduzida à metade –a companhia conta apenas com outro equipamento semelhante ao que caiu. Com isso, segundo informou a empresa em entrevista coletiva ontem, será preciso remanejar os clientes.

“Ainda não sabemos como será dividido, mas é possível acomodar alguns passageiros em outras companhias, para que não sejam ainda mais prejudicados. Vamos avaliar isso tudo, mas nossa prioridade tem sido prestar assistência às famílias das vítimas do acidente”, disse o diretor de assuntos corporativos e comerciais da Noar, Giovani Farias.

Os passageiros que voariam na quarta-feira foram acomodados em hotéis, onde estão aguardando a normalização do serviço.

A aeronave L-410 possuía seguro total contra acidentes com cobertura pessoal e material para passageiros e tripulantes, segundo a empresa. Entretanto, durante a entrevista coletiva, a diretoria não soube informar o valor que cada família receberá pelo seguro nem o prazo determinado pela seguradora para o pagamento.

Ainda de acordo com informações da companhia, o avião tinha menos de um ano de operação e sua manutenção foi realizada no último fim de semana. “A empresa cumpre todas as normas da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e as aeronaves estavam em perfeitas condições de voo. Nossos comandantes são experientes”, afirmou Farias. Segundo ele, o piloto tinha 15 mil horas de voo e o copiloto, 2.000 horas de voo. A Anac confirmou que o avião estava regular.

Investigação

A polícia deve começar a colher os primeiros depoimentos sobre o acidente ainda nesta quinta-feira. Um laudo sobre as causas do acidente deve sair em cerca de 30 dias.

A FAB (Força Aérea Brasileira) afirmou que a leitura dos dados das caixas-pretas, recuperadas ontem, será realizada pelo Cenipa. Os motores da aeronave serão encaminhados para o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), em São José dos Campos (SP), para análise.

A fuselagem do bimotor ficará com a Noar, mas toda a parte mecânica será mantida com a Aeronáutica, para a investigação.

O Instituto de Criminalística coletou objetos pessoais dos passageiros que possam colaborar com a apuração das causas do acidente ou mesmo com a identificação das vítimas.

O Instituto Médico Legal esteve no hotel onde estão hospedados os parentes das vítimas para coletar amostras de sangue dos familiares. O material será usado para exames de DNA no intuito de identificar os corpos, que estão carbonizados.

Entenda o acidente

A aeronave, um bimotor L-410 que fazia um voo comercial, caiu por volta de 6h55 desta quarta-feira em um terreno, perto da praia de Boa Viagem, na divisa com Jaboatão dos Guararapes, e explodiu no solo, segundo testemunhas. O voo partiu do Aeroporto Internacional dos Guararapes e tinha como destino a cidade de Mossoró (RN), com escala em Natal.
 
O voo durou pouco mais de três minutos, segundo informações do comando da Aeronáutica. No total, dois tripulantes e 14 passageiros que estavam a bordo morreram na queda. O piloto detectou um problema na aeronave 55 segundos após a decolagem (feita às 6h51) e avisou a torre de controle que tentaria voltar ao aeroporto do Recife.

Dois minutos depois, ao perceber que não conseguiria chegar ao aeroporto, o piloto informou que tentaria pousar na praia de Boa Viagem. Às 6h54min18s, a aeronave perdeu a comunicação com a torre.

Segundo a Aeronáutica, o piloto do bimotor chegou a passar informações de que estava tendo problemas para a torre de controle do aeroporto, mas eles não foram solucionados a tempo.

"Faremos uma grande coleta de dados, que vai abordar informações dos destroços, dos gravadores de voo, da manutenção da aeronave e dos pilotos. As investigações não têm um prazo para acabar", afirmou o tenente-coronel Frederico Marcondes, chefe da divisão de aviação civil do Cenipa.

Este foi o quinto acidente aéreo nos últimos quatro anos envolvendo pequenas aeronaves em Pernambuco. Em todo o país, foi o acidente com mais vítimas desde a queda do avião da Air France, em 2009, em território brasileiro.

Veja o local do acidente

*Com informações de Carol Guibu, no Recife, Carlos Madeiro e Aliny Gama, em Maceió, e NE10