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Cidades de porte médio atraem mais imigrantes e crescem mais que capitais, diz IBGE

Daniel Milazzo

Especial para o UOL Notícias<br>No Rio de Janeiro

15/07/2011 10h00

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) obtidos com o Censo 2010, as cidades de porte médio (com população entre 100 mil e 500 mil habitantes) são as que mais crescem no país. Segundo os pesquisadores do instituto, isso demonstra a influência da migração no processo de crescimento demográfico de tais municípios. As informações fazem parte de um relatório, divulgado nesta sexta (15), sobre os deslocamentos demográficos no Brasil.

Dentre todos os 5.565 municípios brasileiros, apenas 444 (8% do total) registraram um aumento demográfico superior a 3% ao ano na última década. Nenhum deles possuía mais de 500 mil habitantes.

Os pesquisadores do IBGE apontam que os municípios que tiveram os melhores indicadores de PIB per capita em 2008 encontram-se neste grupo, mas ressalvam que a explicação do crescimento não fica claramente justificada pelo indicador socioeconômico.

Grandes centros urbanos

Por outro lado, mesmo com a expansão demográfica nas cidades de médio porte, a população brasileira continua concentrada nas grandes cidades. Segundo os dados do Censo 2010, existem no país 15 cidades com mais de 1 milhão de habitantes. A população somada dessas cidades ultrapassa 40 milhões de pessoas, o que representa 21% da população nacional.

Porcentagem das cidades que cresceram acima de 3%, por número de habitantes

  • Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2009

Entre 2000 e 2010, o número de municípios com mais de 500 mil habitantes passou de 31 para 38. Porém, nenhuma cidade com população superior a 500 mil habitantes cresceu mais que 3% ao ano.

Enquanto isso, 27% dos municípios brasileiros perderam população. Nesse grupo, 67,7% dos municípios possuem população inferior a 10 mil habitantes. Em termos de desenvolvimento, o IBGE considera tais municípios como espaços estagnados, uma vez que a maioria deles teve, no ano de 2008, um PIB per capita muito baixo. No estrato dos municípios que perderam população há quatro de porte médio: Foz do Iguaçu (PR), Ilhéus (BA), Lages (SC) e Uruguaiana (RS).

Na última década, quase a metade dos municípios (46%) tiveram crescimento nulo ou baixo (até 1,5% ao ano), ao passo que 19% cresceram entre 1,5% e 3% ao ano. Encontram-se nesse último grupo as cidades de tamanho médio e com PIB um pouco mais elevado do que o grupo anterior. Além disso, tiveram crescimento entre 1,5% e 3% ao ano 16 cidades de grande porte, das quais nove são capitais (Aracaju, Brasília, Campo Grande, Goiânia, João Pessoa, Maceió, Manaus, São Luís e Teresina) e seis do interior (São José dos Campos [SP], Ribeirão Preto [SP], Uberlândia [MG], Sorocaba [SP], Feira de Santana [BA] e Joinville [SC]).

Eixos rodoviários

O estudo também aponta a influência de eixos rodoviários no crescimento de aglomerações urbanas. Entre Rio de Janeiro e São Paulo, um importante eixo de crescimento populacional se forma ao longo da BR-116, com cidades como São José dos Campos (SP) e Volta Redonda (RJ). No Sul, isso ocorre ao longo dos litorais catarinense e paranaense, acompanhando o traçado da BR-101.

Esta mesma estrada, que margeia boa parte do país, também incorpora municípios e aglomerações urbanas no Espírito Santo e próximo às capitais do Nordeste, caso de Camaçari (BA), Barra dos Coqueiros (SE), Ilha de Itamaracá (PE), Cabedelo (PB), Parnamirim (RN), Pacatuba (CE), Caucaia (CE) e Paço do Lumiar (MA).

Em Mato Grosso, a BR-158 (que sai de Barra do Garças [MT] vai até o Pará) e a BR-163 (entre Cuiabá e Santarém [PA]) delineiam uma área de ocupação mais recente. Em Rondônia também há uma ocupação linear, que se estende no mesmo traçado da BR-364.

Segundo a análise do IBGE, o crescimento populacional nas regiões de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, norte do Maranhão, Piauí e oeste da Bahia ocorre devido à expansão da fronteira agrícola, sobretudo por causa do cultivo em larga escala de milho, soja e algodão. Os cultivos da cana-de-açúcar em São Paulo e do café em Minas Gerais possuem efeitos semelhantes.