Associação gay repudia agressão a pai e filho e pede que lei contra homofobia seja aprovada
A ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) divulgou nota nesta quarta-feira (20) repudiando a agressão contra um pai e seu filho durante um evento São João da Boa Vista (216 km de São Paulo), na madrugada da última sexta-feira (15). No episódio, ambos foram agredidos por um grupo de homens que confundiram os dois com um casal gay. O pai teve parte da orelha decepada.
“Este é um caso concreto de violência homofóbica e corrobora a triste realidade comprovada por várias pesquisas que mostram que em torno de 70% das pessoas LGBT já foram discriminadas em algum momento da sua vida e 20% já sofreram violência física em função de sua orientação sexual e/ou identidade de gênero”, diz a nota da entidade.
A ABGLT pede ainda que o Congresso aprove “o mais rápido possível” a lei que criminaliza a homofobia no Brasil.
A Polícia Civil de São João da Boa Vista já identificou dois integrantes do grupo –até agora, porém, eles continuam em liberdade já que a Justiça negou a prisão de ambos.
Em depoimento na terça-feira (19), um homem de 25 anos confessou ter participado da agressão, mas negou que o motivo tenha sido discriminação sexual. O delegado titular do 1º Distrito Policial, Fernando Zucarelli, disse que ainda não há data marcada para ouvir o outro acusado, de 30 anos.
Os dois não tiveram a identidade divulgada pela polícia e vão responder pelo crime de lesão corporal dolosa (quando há intenção de ferir outra pessoa). A pena prevista vai de dois a oito anos de prisão, caso sejam condenados.
O pai, de 42 anos, e o filho, um estudante de 18 anos, estavam abraçados quando foram cercados por sete homens e espancados na festa EAPIC (Exposição Agropecuária Industrial e Comercial), que acontece na cidade.
O pai foi espancado e relatou à polícia que a agressão começou depois que o grupo passou diante dele e do filho e questionou se ambos eram gays por estarem abraçados. Eles responderam que eram pai e filho e o grupo passou então a persegui-los.
Os agressores retornaram alguns minutos depois e os agrediram com chutes e socos. O filho teve ferimentos leves e o pai precisou ser socorrido no hospital da cidade.
O pai foi ouvido nesta terça-feira pela Polícia Civil. Ele disse que não tinha como reconhecer os agressores porque desmaiou durante as agressões. Uma testemunha também confirmou a agressão em depoimento ao delegado Fernando Zucarelli Pinto.
O filho agredido mora em São Paulo, onde estuda. A namorada dele estava na festa, mas no momento das agressões havia ido ao banheiro e não presenciou o crime, segundo a polícia.
A organização da festa informou que vai colaborar com as investigações e que ao menos 150 homens faziam a segurança do recinto.
A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar o caso e deve ouvir mais testemunhas nesta quarta-feira (20).
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