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Estudante mineira acusada de matar pai por seguro "pode estar vivendo de golpes", diz delegado

Rayder Bragon<BR>Especial para o UOL Notícias<BR>Em Belo Horizonte

23/08/2011 16h59

A estudante de direito Érika Passarelli Vicentini Teixeira, 29, acusada de tramar a morte do próprio pai por seguro de R$ 1,2 milhão e foragida há mais de quatro meses, pode estar aplicando “golpes na praça”, informa a Polícia Civil de Minas Gerais.

Para a Justiça, Érika é considerada foragida desde 15 de abril deste ano, quando foi expedido mandado de prisão preventiva contra a estudante. Seu advogado, Zanone Júnior, disse que ela ainda não se apresentou à polícia por temer por sua vida.

De acordo com o delegado Bruno Wink, policial encarregado do inquérito sobre o caso, a condição financeira da estudante estaria facilitando o sumiço da jovem. “E com a ‘experiência’ que aparenta ter em supostos golpes, ela pode estar praticando atos ilícitos para arrumar mais recursos financeiros”, disse Wink.

Segundo o delegado, foram indiciados por homicídio duplamente qualificado a moça, o ex-namorado Paulo Ricardo de Oliveira Ferraz e o pai dele, o cabo reformado da Polícia Militar mineira Santos das Graças Alvez Ferraz.

Os dois teriam ajudado a estudante, apontada como a mentora do crime, na morte de Mário José Teixeira Filho, 50, pai dela. Se forem condenados, a pena de reclusão varia de 12 a 30 anos. Os dois cúmplices de Érika já estão presos na capital mineira.

Em 3 de maio deste ano, o Ministério Público ofereceu denúncia à Justiça contra o trio. O Judiciário de Itabirito (55 km de Belo Horizonte) acatou o pedido. Mas, por conta da ausência da prisão da jovem, desmembrou o processo.

Em 1º de agosto foi expedido novo mandado de prisão contra a estudante, que responde agora em separado pelo suposto crime. O processo dos Ferraz corre normalmente, e testemunhas já foram ouvidas sobre o caso, informou a assessoria do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. “Agora só temos a questão da captura dela, mas o trabalho de investigação já terminou”, disse Wink.

No mês passado, o TJ negou habeas corpus para a estudante. De acordo com o advogado Zanone Júnior, outro pedido será encaminhado ainda nesta semana ao STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Entenda o caso

Érika Teixeira, o então namorado e o pai dele teriam planejado o crime para receber seguro de vida de três apólices que, juntas, somavam R$ 1,2 milhão -- a estudante era a única beneficiária. O assassinato ocorreu em agosto do ano passado, na BR-365, próximo Itabirito.

Segundo a polícia, a intenção inicial da estudante e de seu pai era simular a morte dele e tentar fraudar as seguradoras. No entanto, conforme as investigações, desentendimento entre os dois levou-a a planejar matar o pai com a ajuda da dupla.

Na esteira do caso surgiu a denúncia de que a estudante faria ainda parte de um esquema de tráfico internacional de crianças. Ela também está sendo investigada por suposta venda fraudulenta de imóvel a um taxista da cidade de Ouro Fino, sul de Minas Gerais.

Em outra frente, a mãe da estudante é investigada por suspeita de participação na morte de uma mulher que foi companheira do pai de Érika. O crime ocorreu em agosto de 2003, na cidade de Ibirité, região metropolitana de Belo Horizonte. Júnia Rodrigues da Cruz foi encontrada morta com perfurações de bala.

Em seguida à morte, conforme as investigações, Mara Lúcia Passarelli Vicentini, ex-mulher de Mário Filho, foi munida de uma procuração a uma agência bancária e resgatou joias que haviam sido penhoradas pela vítima. À época, o penhor havia sido calculado em R$ 25 mil.

De acordo com a delegacia que investiga o caso, Mário Filho e a ex-mulher passaram a ser suspeitos do crime. O inquérito ainda não foi concluído.