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Após 90 dias sem chuva, cidades mineiras têm clima de deserto; fogo ameaça reserva ambiental

Rayder Bragon

Especial para o UOL Notícias <br> Em Belo Horizonte

08/09/2011 11h55

Após três meses sem chuva, Belo Horizonte e região metropolitana registram clima de deserto por conta da baixa umidade relativa do ar, que nós últimos dias tem ficado na média de 20%, faixa considerada crítica pela OMS (Organização Mundial de Saúde). A capital mineira registrou, na última segunda-feira, 13% de umidade no ar.

Segundo o Centro de Meteorologia da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), não há previsão de chuva para os próximos sete dias na região metropolitana, cuja temperatura tem se mantido na casa dos 30 ºC, em média.

“Nós estamos sob uma massa de ar quente e seca que está atuando nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do país. Ela impede a chegada de frente fria e formação de nebulosidade. Os dias estão mais quentes e com céu claro”, diz Geraldo Paixão, técnico de planejamento hidroenergético da Cemig.

De acordo com o especialista, por conta da ausência de nuvens, a incidência da radiação solar é maior, causando mais calor e a redução da umidade. Conforme Paixão, o deserto do Saara, por exemplo, tem umidade relativa do ar na casa dos 10% durante o dia.

Estado

De acordo com a Defesa Civil de Minas Gerais, 105 cidades mineiras já decretaram situação de emergência por conta da estiagem. Alguns municípios também apresentam altas temperaturas e baixa umidade do ar. 

“O Estado inteiro de Minas Gerais está com tempo muito seco e quente. Na cidade de Ituiutaba [Triângulo Mineiro], por exemplo, as temperaturas têm alcançado os 37%, e a umidade tem ficado em torno de 6 a 7%, só encontrada em desertos", disse o especialista.

Segundo ele, as regiões sul e a zona da mata mineira podem ter alívio nos próximos dias com a chegada de uma frente fria, oriunda do sul do país.

“Esse fenômeno pode trazer chuva nessas regiões e fazer com que a umidade do ar melhore um pouco no final de semana, até mesmo aqui na região metropolitana”, resumiu.

Caraça

Dois focos de incêndio ameaçam a Reserva Particular do Patrimônio Natural - Santuário do Caraça, localizado nos municípios de Catas Altas e Santa Bárbara (MG). De acordo com a bióloga Aline Lopes de Abreu, responsável pela área, focos de incêndio já atingiram a área de preservação ambiental do local, cujo animal mais emblemático é o Lobo-guará.

“Um dos focos começou no último dia 31. O outro começou no dia 4. O fogo já está na área da reserva. Aqui temos 77 espécies de mamíferos, só para exemplificar o risco que estamos correndo. O fogo está fora de controle”, alertou a bióloga, que afirmou terem sido queimados mais de 200 hectares na área, compreendendo parte da reserva ambiental e também a vegetação existente fora dela. O combate às chamas está sendo feito pela brigada de incêndio do Caraça, com auxílio de brigadistas de empresas particulares e voluntários. Segundo ela, somente nesta quinta-feira homens do corpo de bombeiros deverão chegar ao local para auxiliar nos trabalhos.

“O fogo já atingiu a reserva e continua a adentrar no local e está consumindo reserva de Mata Atlântica. Bombeiros estiveram aqui e, devido ao número de brigadistas que estava aqui, avaliaram que não havia necessidade de intervenção da aeronave (da corporação) e que a turma aqui daria conta do recado, mas ela não deu conta do recado”, disse a bióloga.

A reportagem do UOL Notícias entrou em contato com a assessoria do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais e aguarda um retorno sobre o caso.