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Umbandistas pedem tombamento de imóvel para barrar demolição de berço da religião

Fabíola Ortiz

Especial para o UOL Notícias<br>No Rio de Janeiro

04/10/2011 14h38

Com o berço da umbanda prestes a ser demolido, lideranças religiosas entraram com pedido de tombamento para salvar a primeira casa da religião no Estado do Rio de Janeiro.

A casa onde viveu o fundador da umbanda, Zélio de Moraes, onde foi fundada a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, fica na rua Floriano Peixoto de número 30, localizada no bairro de Neves, no município de São Gonçalo (RJ). Já muito desgastada pelo tempo e sem preservação, o imóvel dará lugar a um galpão.

“Estamos fazendo agora um movimento para ver se conseguimos tombar a casa, impedir que seja destruída e recuperá-la. A obra é particular de uma pessoa que comprou o imóvel e lá existe a casa muito antiga que ele pretende demolir. Queremos primeiro tentar conversar com o comprador do terreno onde está o imóvel para chegarmos a uma solução amigável e conciliar os interesses”, disse ao UOL Notícias Pedro Miranda, presidente da União Espiritista de Umbanda do Brasil.

A casa pertencia aos familiares do fundador da religião de matriz afro-brasileira e a sua venda é recente, estima a liderança religiosa, pois só agora a notícia da provável demolição veio a público.

Segundo Pedro Miranda, a comunidade umbandista foi “pega de surpresa” quando soube da venda do imóvel. A demolição está prevista para esta semana, mas ainda não está definida a data. Mas as lideranças umbandistas já se articularam numa reunião marcada para esta quinta-feira (dia 6) em frente à casa em Neves para liderar um movimento de proteção e preservação ao berço da umbanda.

 “Naquela casa, em 15 de novembro de 1908, um jovem de 17 anos chamado Zélio de Moraes teve uma manifestação espiritual que lhe teria revelado o início de um movimento espiritualista chamado umbanda. Ali nasceu a primeira tenda Nossa Senhora da Piedade. A casa era de propriedade da família do Zélio, mas parte dos descendentes não seguiu a linha da umbanda e resolveu vender o imóvel”, conta Miranda.

A liderança ainda desconhece quem foi o comprador do terreno e disse ser um comerciante de origem portuguesa.

“O que se pretende é a preservação histórica desse patrimônio espiritual e também do imóvel onde esse fenômeno ocorreu. Ali nasceu a tenda de umbanda sob a orientação de Caboclo das Sete Encruzilhadas”, explicou.

A União Espiritista de Umbanda do Brasil já enviou, nesta segunda-feira (3), ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) um pedido de tombamento da casa e também está em contato com a prefeitura de São Gonçalo em busca de apoio para impedir que ocorra a demolição.

Para ganhar tempo, as lideranças religiosas estudam ainda entrar com uma ação na Justiça para pedir a suspensão das obras no terreno até que o tombamento seja avaliado pelo Iphan. “Mas primeiro queremos ter uma conversa direta com o proprietário”, diz Miranda.