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MP da Bahia acusa três policiais militares de assassinar integrantes de banda de hip hop

Heliana Frazão<BR>Especial para o UOL Notícias<BR>Em Salvador

14/10/2011 12h14

Três integrantes da Polícia Militar da Bahia são acusados pelo Ministério Público Estadual de matar dois integrantes da banda de hip hop BKS. André de Jesus Cardoso, 22, e Tiago Santos Silva, 20, teriam sido mortos pelo tenente Vítor Peralva Santos, sargento Vandique Augusto de Almeida Costa e soldado Carlos Alberto de Oliveira Aguiar em outubro de 2010, no bairro de Itapuã, em Salvador. Os PMs são acusados de duplo homicídio qualificado, por motivo torpe e sem chance de defesa para as vítimas.

A acusação é feita pela promotora Karita Conceição Cardim de Lima, que integra o Grupo de Atuação Especial para o Controle Externo da Atividade Policial (Gacep). O crime aconteceu durante uma ronda policial.

Em depoimento, os acusados disseram que receberam denúncias sobre dois homens em uma motocicleta amarela que estariam praticando assaltos num local conhecido como Baixa do Dendê, situado na orla da capital baiana. Os PMs teriam abordado dois amigos das vítimas antes de perceberem a aproximação dos músicos em uma motocicleta amarela.

Segundo esses amigos, afirma a promotora, Tiago e André reduziram a velocidade da moto ao avistarem a polícia, mas um dos policiais teria disparado contra eles. Após André ser baleado, Tiago teria se rendido. Ainda segundo as testemunhas, os policiais o balearam mesmo assim.

Os músicos ainda foram levados para o Hospital Roberto Santos, no bairro do Cabula, mas já chegaram mortos. O caso foi registrado na 11ª delegacia, em Tancredo Neves, como crime de resistência.

A promotoria afirma que os policiais estavam à procura de outra pessoa, um homem negro, conhecido como Tiaguinho, que seria traficante na região. O músico morto era branco e não possuía antecedentes criminais.

“As provas técnicas e as testemunhas desmentem os policiais, pois as vítimas estavam desarmadas e teriam sido alvejadas quando já estavam rendidas. Os ferimentos de defesa nos braços e nas mãos comprovam que houve uma verdadeira execução”, diz a promotora.

A denúncia relata ainda que, após a ação considerada violenta, os acusados “no intuito de fraudar as investigações”, promoveram disparos contra a própria viatura, usando uma arma roubada que, segundo os PMs, teria sido encontrada com as vítimas.

Em depoimento, o tenente Peralva, que comandou a operação, admitiu que ele e o sargento Vandique efetuaram oito disparos contra as vítimas, enquanto o soldado Aguiar atirou três vezes. Eles também admitiram que no momento em que Tiago e André caíram da motocicleta foram cercados pela guarnição e atenderam ao comando de colocar as mãos para trás. Mesmo assim os PMS assumem terem atirado.

O Ministério Público pede que os três acusados sejam submetidos ao Tribunal do Júri.