Pesquisa aponta excesso de mercúrio em peixes-espada do rio Goiana (PE)
Um estudo desenvolvido pelo Laboratório de Ecologia e Gerenciamento de Ecossistemas Costeiros e Estuarinos da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) apontou que os peixes-espada que vivem no rio Goiana, a 62 km do Recife (PE), estão com alta concentração de mercúrio e o consumo em excesso pode causar problemas à saúde.
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Segundo a pesquisa, os 104 peixes analisados em épocas distintas apresentaram concentração média dez vezes maior do que o limite máximo semanal para consumo humano proposto pela OMS (Organização Mundial de Saúde). O mercúrio é um metal pesado e causa doenças neurológicas e câncer.
A espécie foi escolhida para a pesquisa por estar situada no topo de cadeia alimentar, o que indicaria níveis de mercúrio acima dos outros animais, e como eles estavam mais altos que o normal, chamaram a atenção.
“Existe ali um caso bastante interessante para ser estudado do ciclo biogeoquímico do mercúrio em águas costeiras tropicais. Não sabemos a fonte desse mercúrio. Estimamos que venha da bacia hidrográfica, da atmosfera, ou até mesmo de outros estuários ao longo da costa, pois os peixes não frequentam apenas aquele local”, constata a professora Mônica Costa, pesquisadora da UFPE e uma das autoras do artigo publicado na revista científica Environmental Science and Pollution Research International.
A pesquisa sugere que seja investigada a origem do mercúrio. Uma das hipóteses levantadas para o excesso de mercúrio nos peixes-espada é que a espécie é predadora dos peixes sardinhas e manjubas – que são filtradores dos poluentes das águas. Outros fatores que podem contribuir para a presença em excesso do metal seriam o desmatamento da bacia do rio, uso do solo para a agricultura e o despejo de esgotos domésticos.
Consumo moderado
O alto índice de mercúrio aponta que o consumo do peixe-espada que for pescado no rio Goiana deve ser moderado. Segundo o índice de contaminação, o consumo humano não deve superar 100 gramas ao mês. Devido à concentração de mercúrio, os peixes-espada não são recomendados como fonte de alimento para mulheres grávidas e crianças.
A professora orienta à comunidade que se alimenta da pesca do rio Goiana para mesclar a dieta com peixes de outras espécies, crustáceos e moluscos, além de moderar o consumo de peixe-espada.
“Nós recomendamos que as pessoas evitem uma dieta concentrada em uma única espécie animal. A concentração não impede o consumo semanal de 100g. Mais que isso deve ser controlado”, afirmou.
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