Demora para operação de retirada de óleo de supercargueiro da Vale preocupa Ibama
A operação para retirada do óleo combustível do supercargueiro Vale Beijing, prevista para ter início nesta segunda-feira (19), foi adiada mais uma vez. Até o fim da tarde desta segunda, o navio da salvatagem ainda não havia chegado ao porto de São Luís (MA). A embarcação saiu de Belém na semana passada e pode chegar até a madrugada desta terça-feira (20). A demora no início da operação preocupa o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis) no Maranhão, que alerta para as fortes correntes marinhas a que a embarcação está submetida.
O maior cargueiro do mundo, da Vale, apresentou rachaduras no dia 3 deste mês, durante um carregamento para exportação, no terminal de Ponta da Madeira, no porto de São Luís. O navio foi carregado com 260 mil toneladas de minério de ferro e tem 7.000 toneladas de óleo combustível, e não 5.000 toneladas, como informado pelas autoridades anteriormente. No dia 7, por questões de segurança, a embarcação foi rebocada para a baía de São Marcos, a 7 km da costa, onde se encontra atualmente.
Simulado
Antes de iniciar a operação para retirada de óleo, como queria a empresa sul-coreana STX Pan Ocean [fabricante do Vale Beijing], um simulado será realizado para checar a tarefa de todos os órgãos e empresas envolvidos no processo. A determinação foi feita pelo Ibama. A data marcada inicialmente para a simulação é quinta-feira (22).
“A gente sabe que existe uma empresa de salvatagem muito experiente [a Smith, da Holanda] , mas às vezes ela está preocupada apenas com a embarcação, e não com a parte ambiental. Exigimos o simulado para entender os detalhes práticos e se há eficácia com os cuidados ambientais. Também servirá para saber se as pessoas que estão participando têm condições técnicas. O Ibama está se cercando de todos os cuidados”, afirmou Antônio Campos, analista ambiental do Ibama do Maranhão, citando que nesta terça, uma reunião está marcada para as 9h para discutir mais detalhes da operação.
Segundo o analista, a distância da embarcação e dos equipamentos e a demora na chegada do material fugiram aos prazos iniciais. “O problema é que um incidente como este não é comum, boa parte dos equipamentos têm que vir de outros Estados e até de outro país. Para se ter ideia, está vindo de avião um mangote de Houston (EUA), que vai fazer o transbordo do óleo para o novo navio. Há outros equipamentos vindos de outros locais, e algumas previsões furaram em função dessa dificuldade logística”, explicou.
A demora para o início da operação preocupa o Ibama, especialmente porque a baía de São Marcos tem um correnteza três vezes mais forte que a média marítima. “Isso nos preocupa porque as condições marítimas onde o navio está fundeado são atípicas. Nós temos, em média, no mar, uma velocidade de corrente de um nó, um nó e meio. Lá [na Baía de São Marcos] a velocidade é de 4 nós. Ou seja, a embarcação está submetida a um estresse maior porque a correnteza é forte. Até hoje essa avaria se manteve, mas em casos assim é tudo muito dinâmico, pode mudar rapidamente. A maior preocupação é manter a embarcação estável, fazer com que avaria não aumente”, afirmou.
Campos disse ainda que não sabe precisamente a quantidade de óleo combustível que será retirada do supercargueiro, mas ela será maior que a estipulada anteriormente. “Será retirado todo o óleo possível, e não só uma porcentagem de 30%, como pensado inicialmente. Só ficará no navio o combustível necessário para as atividades de manutenção”, disse o analista.
Ida para um estaleiro
Além do óleo, técnicos contratados pela Vale também vão remanejar, para porões dentro do próprio navio, a carga de 260 mil toneladas de minério que está a bordo do supercargueiro. Com essas duas medidas, os engenheiros pretendem dar estabilidade à embarcação e diminuir o peso, fazendo com que o navio suba e facilite a identificação das rachaduras.
“A ideia com isso é que a parte submersa ascenda, e os engenheiros possam trabalhar melhor. Tecnicamente não há necessidade ainda de tirar o minério do navio. Nesse momento não se discute o conserto. Em todas as reuniões que temos, primeiramente nos preocupamos em estabilizar o peso do navio, tirar o óleo e, a partir daí, decidir se o cargueiro vai para um estaleiro na Holanda ou Coreia do Sul”, alegou Antônio Campos.
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