Dezembro é o mês mais chuvoso em Belo Horizonte desde 1910, diz Inmet; Minas tem 21 cidades em emergência

A chuva que atinge Belo Horizonte há dias, de forma quase ininterrupta, alcançou uma marca histórica nesta terça-feira (20). O mês de dezembro já é considerado o mais chuvoso desde 1910, segundo medição realizada pelo Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

De acordo com o órgão, a capital mineira registrou 606,4 mm de chuva desde o início do mês, batendo a marca alcançada em 2008 (601,3mm) –que até então era o recorde desde 1910. Belo Horizonte decretou situação de emergência no último sábado (17).

A Defesa Civil de Belo Horizonte registrou na segunda-feira (19) 183 ocorrências relativas a danos provocados pelo temporal. A maioria dos chamados se refere a deslizamentos de encostas ou a iminência de isso ocorrer. Há também informações sobre desabamentos de muros, residências e avaliação de risco de imóveis ruírem por surgimento de trincas, infiltrações e abatimento de solo.

Nesta terça-feira (20), um operário morreu soterrado em um canteiro de obra no bairro Barro Preto, região centro-sul de Belo Horizonte. Segundo os bombeiros, os operários trabalham em um “tubulão”, quando a terra cedeu e soterrou três trabalhadores. Segundo a corporação, dois deles conseguiram sair do local sem ferimentos. No entanto, ainda não há confirmação se o óbito está relacionado a danos causados pelas chuvas intensas.

Na rodovia MG-10, uma cratera se formou próximo ao bairro Angicos, em Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte, sentido bairro/centro.

As trincas em um viaduto localizado no Anel Rodoviário, sobre a avenida Antônio Carlos, na região nordeste da cidade, fizeram com que a Polícia Rodoviária Estadual interditasse uma faixa no local, no sentido Vitória (ES). Nesta manhã, o congestionamento era grande. O Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) afirmou que houve movimentação de terra na cabeceira do viaduto, o que desestabilizou a estrutura. Estão sendo feitos reparos no local, mas não há previsão de liberação da pista, que continua parcialmente interditada.

Na região metropolitana de BH, o Corpo de Bombeiros informou ter atendido, entre a noite de ontem e o início da manhã de hoje, três chamadas por inundações e 12 relativas a desabamento e desmoronamentos. Além disso, os bombeiros foram acionados para cortar cinco árvores que caíram ou se encontravam na iminência de tombar. 

Situação no Estado

A Defesa Civil Estadual divulgou boletim no qual o número de cidades em situação de emergência passou de 19 para 21 desde outubro, quando as chuvas começaram. Os dois últimos municípios que estabeleceram a condição foram Itumirim (sul do Estado) e Jacinto (região do baixo Jequitinhonha). Ainda segundo boletim da Defesa Civil, 22.826 pessoas foram afetadas pelas chuvas nesses últimos três meses, desses, 783 ficaram desalojadas e 93, desabrigadas.

Devido às chuvas dos últimos dias, em Governador Valadares, região leste de Minas Gerais, o rio Doce transbordou e atingiu oito bairros da cidade.

Já em Cachoeira da Prata, houve rompimento parcial de uma barragem. Homens do Corpo de Bombeiros monitoram o local. Ainda segundo a corporação, a calha do ribeirão dos Macacos recebeu a água proveniente desse vazamento parcial e não informa sobre pessoas atingidas.

Em Iraí de Minas, no Triângulo Mineiro, uma criança de 2 anos caiu em um bolsão de contenção de enxurradas. Não chovia no momento, mas quando a criança foi localizada, já estava morta. Em São João do Oriente, região do Vale do Rio Doce, Vanderley Jacinto da Costa, 36 anos, afogou-se quando se divertia com amigos subindo na ponte e pulando no rio, que tinha grande volume devido às chuvas. A Defesa Civil não considera as mortes diretamente ligadas aos temporais.