Quadrilha usava câmeras para monitorar chegada de policiais em Salvador
A ousadia dos grupos criminosos causou espanto aos policiais da Bahia neste fim de semana. A Polícia Militar descobriu, no último sábado (31), um sistema de monitoramento de câmeras operado por traficantes do bairro Arenoso, em Salvador (BA). As imagens eram usadas para vigiar o momento da entrada da polícia na área.
Segundo a polícia, o sistema era composto por várias câmeras, que ficavam escondidas em postes e eram interligadas a um computador. As imagens captadas eram transmitidas para um monitor e um aparelho de televisão, que ficava na casa de um dos acusados de tráfico da região.
Dois homens suspeitos de integrar uma quadrilha de tráfico de drogas foram presos na casa onde o sistema de câmeras era controlado. Lucival Lopes de Souza, 39, conhecido por Val Capenga, e Alexsandro Rodrigues Santana, 32, o Jhou, estavam ainda com 147 papelotes de cocaína, 70 pedras de crack, quatro telefones celulares, um pendrive, além de R$ 292 em dinheiro.
A PM apreendeu também duas câmeras filmadoras que estavam escondidas dentro de caixas e suspensas em postes, além de um monitor de LCD, um aparelho de TV 21 polegadas, um computador e 200 metros de cabos USB. O material estava na casa de Val Capega.
A polícia informou que ainda existem outras câmeras instaladas em postes do bairro, mas que não foram retiradas por estarem em áreas que apresentam risco de choque.
O comandante da 23ª CIPM (Companhia Independente da Polícia Militar), major Antônio César da Silva, afirmou que a descoberta ocorreu durante a realização de rondas no bairro no sábado. Segundo ele, a polícia tentou abordar um grupo suspeito, que revidou a ação com tiros e daí iniciou-se uma perseguição. “Na aproximação, os homens suspeitos fugiram disparando de forma aleatória contra as guarnições da PM, que responderam ao ataque. Na perseguição, os militares avistaram um imóvel com a porta aberta, e o cercaram”, disse. Na casa estavam Val Capenga e Jhow monitorando por vídeo toda a ação.
O caso está sendo investigado pela 11ª delegacia de Tancredo Neves, para onde os dois suspeitos foram levados. Segundo o agente Valter Pedro Alexandrino, da Polícia Civil, a dupla já tem passagem pela polícia pelo crime de tráfico de drogas e informou que trabalhava para o traficante que domina a área conhecido por Kel.
“Eles disseram que sabiam que o material era droga e que eram pagos pelo Kel para vigiar a entrada da polícia. Estamos esperando o surgimento de vagas no presídio para transferi-los para o sistema prisional, onde ficarão à disposição da Justiça”, informou.
A Polícia Civil acredita que outros sistemas de câmeras, similar ao encontrado em Arenoso, existam em outros bairros da capital. “Essa foi a primeira vez que foram encontrados circuitos de imagens ligados ao tráfico de drogas. Estamos investigado outras áreas e, possivelmente, outros traficantes também usam a mesma tecnologia para fugir da polícia, quando os agentes entram na área”, contou Alexandrino.
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