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Surto de águas-vivas leva bombeiros a interditar praia em Guaratuba (PR)

Rafael Moro Martins

Do UOL, em Curitiba

23/01/2012 15h59

Um surto de queimaduras provocadas por águas-vivas levou os bombeiros do Paraná a interditar um trecho de 300 metros de praia e cancelar uma prova de natação em Guaratuba (143 quilômetros de Curitiba).


Apenas no último fim de semana, mais de 3.600 casos foram registrados em todo o litoral paranaense --quase a metade dos 6.500 acidentes informados desde 16 de dezembro, quando começou a temporada de verão.

“Foi absurdo o aumento nos casos nesses últimos dias. Só no domingo, foram mais de 2.000 registros”, afirmou o tenente Ezequiel Roberto Siqueira, porta-voz dos bombeiros no litoral.

A maioria dos acidentes acontece nas praias mais movimentadas --a Praia Central, em Guaratuba, e a de Caiobá, em Matinhos. Mas há registros de acidentes em todo o litoral paranaense.

 

O que fazer em caso de acidente

O contato com a água-viva causa dor imediata e forte, com sensação de ardência.

Pessoas mais sensíveis ou alérgicas podem ter náuseas, vômitos ou dificuldade para respirar.

Em caso de acidente com água-viva, o banhista deve sair da água imediatamente e procurar um posto de salva-vidas para aplicar vinagre sobre as queimaduras. Caso não haja postos por perto, é possível lavar o local com água do mar.

Nunca se deve usar água doce, que libera mais toxinas, aumentando a queimadura. Evite esfregar o ferimento com a mão ou um pano, o que pode estourar cápsulas que tenham ficado na pele, piorando o quadro.

O Centro de Controle de Envenenamentos do Paraná atende no telefone 0800 410148.


No domingo, os bombeiros decidiram interditar para banho um trecho de 300 metros da Praia Central de Guaratuba, onde os salva-vidas do posto Vila Real já haviam registrado 65 casos de queimaduras. “O número não foi maior justamente por causa da interdição”, disse Siqueira.

A praia foi reaberta nesta segunda-feira, e até o início da tarde não havia outros trechos interditados. “Como muitos veranistas deixaram o litoral nas últimas horas, o número de acidentes deve ser menor nos próximos dias”, prevê o oficial.

Uma prova de natação na baía de Guaratuba, marcada para o domingo (22), foi cancelada a pedido dos bombeiros. “Era muito arriscado colocar os atletas na água com o surto de acidentes com águas-vivas”, declarou Siqueira.

A organização da prova informou que irá remarcá-la assim que tiver autorização dos bombeiros.

Apesar do elevado número de casos, só duas pessoas tiveram reações alérgicas às queimaduras e precisaram ser levadas ao Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, em Matinhos.

A Secretaria Estadual da Saúde informou que ambos foram medicados e liberados em seguida. A maioria dos casos é tratada pelos próprios bombeiros, que neutralizam as toxinas que causam as queimaduras usando vinagre.

Técnicos da secretaria estão nesta segunda-feira no litoral, onde visitam postos de saúde e hospitais e conversam com pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) para avaliar as causas do aparecimento das águas-vivas.

“[Uma infestação por águas-vivas] tão grande assim é inédita nos últimos dez anos. As causas são várias. Uma mudança de correntes marítimas pode jogar o bando de águas-vivas para a costa, e o calor ajuda a fazer com que elas se proliferem mais rapidamente”, explica o biólogo Paulo Marques, professor da UFPR no litoral.

“Provavelmente, será preciso interditar as praias, pois, além das queimaduras, a toxina que as águas-vivas liberam na água também pode causar diarreias”, afirma.