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Senhora recolhe entulhos nas ruas e mantém lixão há 15 anos no quintal de casa em Goiás

Rafhael Borges

Do UOL, em Goiânia

29/01/2012 06h00

Maria Helena Sousa, de 75 anos, é famosa no Jardim Esmeralda, em Aparecida de Goiânia (região metropolitana da capital), por uma situação peculiar. Há 15 anos, dona Maria, como é conhecida, recolhe lixo das ruas e leva para dentro de casa, onde mantém um lixão.

Maria Helena Sousa recebeu a reportagem do UOL e mostrou a situação em que vive. Segundo ela, a aposentadoria que recebia está suspensa e a forma de conseguir dinheiro foi juntando, principalmente, materiais recicláveis para a venda. “Eu vendia tudo para um homem, mas ele mudou e não consigo mais encontrá-lo, por isso acumulou tanto”. Ela mora com uma irmã, que não quis mais falar sobre o assunto.

Os vizinhos reclamam, constantemente, e dizem que a prefeitura já passou diversas vezes no local para retirar os entulhos, mas a senhora não aceita. Foi o poder público que construiu o muro, que hoje esconde a sujeira.

O cheiro no local é bem forte. “É terrível ficar aqui ao lado o dia inteiro com esse mau-cheiro. Sem contar os perigos de dengue e outras doenças, pois a gente não sabe o que fica escondido debaixo disso aí tudo”, desabafa Ricardo Guimarães, que trabalha em uma oficina mecânica que divide muro com a casa.

Tentativas
Desde 1997, fiscais da vigilância sanitária acompanham o caso. Na primeira vez que a prefeitura fez a limpeza no quintal foram retirados 20 caminhões cheios de lixo. Em duas semanas estava tudo de volta. “Não adianta limpar, ela recolhe tudo de novo. Parece mais uma doença do que uma necessidade mesmo”, contou outro vizinho, Carlos Beakman.

Na última segunda-feira (23), fiscais foram até a casa tentar negociar o recolhimento dos materiais, mas não conseguiram entrar.
A ação é dificultada por se tratar de imóvel particular e com a documentação regular. A próxima tentativa deve contar com a participação da Assistência Social e do Centro de Zoonoses.

Segundo representantes da prefeitura, como o imóvel está regular, eles não podem entrar sem a autorização dela. Eles planejam tentar que alguém da assistência social converse com ela para ver se conseguem reverter a situação, e até oferecer ajuda psicológica. Caso existam focos de dengue, ou indícios de doenças com os animais, eles poderão pedir autorização judicial para entrar no imóvel.

Dona Maria disse que vai tentar achar outra pessoa para comprar o lixo. “Eu já fui a outros bairros procurar alguém. Eu quero vender tudo. Os vizinhos ficam falando de mim, mas eu acho que não tem nada errado.”