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Perícia constata presença de óleo em bueiro que explodiu e matou um no Rio

Do UOL, em São Paulo*

30/01/2012 18h59

Perícia realizada nas galerias pluviais do cais do porto do Rio de Janeiro, onde uma explosão matou um operário nesta segunda-feira (30), constatou que havia óleo combustível no local, segundo informou o Instituto Estadual do Ambiente (Inea).

A explosão ocorreu na área de operação da empresa Triunfo Logística, subsidiária da Petrobras, no Armazém 30 do cais do porto. Rafael Martins de Souza, 35, morreu na explosão, que feriu ainda Paulo Bento Pereira e Carlos Ribeiro, ambos de 52 anos. Os três são funcionários da Triunfo.

As causas da explosão ainda serão investigadas. Parecer dos agentes do Inea que estiveram no local indica que uma quantidade “considerável” de óleo vazou para a galeria que explodiu. Segundo o órgão, o dano ambiental foi controlado porque na ligação da galeria com a baía de Guanabara havia uma boia cercada por uma barreira de contenção, o que, afirma o Inea, impediu que o combustível se espalhasse pelo mar.

O Inea investiga ainda se uma operação de derivados de petróleo para Manguinhos, que ocorreu na área do Armazém 30 na noite do último de domingo (29), pode ter contribuído para a presença de óleo na galeria de águas pluviais. A tubulação da refinaria não fica perto da região, e no momento da explosão a operação já havia sido encerrada.

A companhia Docas do Rio, que administra o porto, foi notificada pelo Inea a fornecer um mapeamento da região para identificar possíveis oleodutos ou outras fontes que possam ter originado o vazamento do óleo.

A Polícia Civil do Rio, que participou da perícia, abriu inquérito para apurar as circunstâncias e eventuais responsabilidades pela explosão. Os dois feridos tiveram ferimentos graves e médios nos braços, e, um deles, também queimaduras no rosto. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, Ribeiro foi liberado hoje à tarde, após uma sutura, e Pereira foi transferido para um hospital particular não informado pela pasta.

Histórico de explosão de outros bueiros

Embora as causas do acidente de hoje ainda não tenham sido esclarecidas, o Rio tem sofrido com uma série de explosões de bueiros, em vias públicas, desde o ano passado.

A rede subterrânea do Rio pode ter até 4.000 bueiros com risco de explosão, de acordo com o levantamento feito pelo Ministério Público em julho do ano passado, após o registro de uma série de explosões na capital fluminense. Desses, cerca de 1.770 precisam de reparos em caráter emergencial.

A principal situação de risco ocorre quando há vazamento de gás para as galerias que contêm transformadores da Light, concessionária responsável pelo fornecimento de energia. A Companhia Estadual de Gás (CEG) está sendo investigada pelo Ministério Público a respeito das explosões. De acordo com o MP, a estrutura subterrânea da CEG está obsoleta.

A Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos faz, desde agosto de 2011, vistorias em bueiros da cidade. Segundo reportagem publicada no último dia 18, foram realizadas 37.689 vistorias e encontrados 286 bueiros com alto risco de explosão. Em todos os casos, o protocolo de emergência foi acionado, com a comunicação imediata ao Centro de Operações Rio e às concessionárias Light e CEG. Os bueiros foram isolados e sinalizados para reparo imediato pelas concessionárias.

*Com reportagem de Janaina Garcia