Mercado em SP é saqueado em represália a ação da Rota que deixou um morto
O Mercado Preferido da rua Coriolano Durand, na Vila Santa Catarina, zona sul paulistana, foi saqueado na noite de quarta-feira (3) em possível represália a uma ação da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), unidade de elite da Polícia Militar, que deixou um morto na mesma região no dia anterior.
Câmeras de segurança do bairro registraram o saque. As imagens mostram um grupo de homens, a maioria usando capuz, saindo do mercado com várias sacolas. Funcionários do estabelecimento ficaram revoltados, mas nada puderam fazer.
Os criminosos também recolheram dinheiro dos caixas, subiram em balcões e jogaram diversas mercadorias no chão. Destruíram tudo, inclusive as prateleiras. O ataque foi muito rápido e deixou os empregados atônitos.
Na porta do mercado, era possível ouvir um dos funcionários, desesperado, dizer: "Pra que isso, meu Deus? Pra que isso? Por quê?". Enquanto o empregado do estabelecimento comercial desabafava, os saqueadores fugiam.
Moradores do bairro também fizeram imagens com telefone celular das pessoas invadindo e depois saindo do mercado com as sacolas contendo os produtos saqueados. Em um dos áudios, o autor da gravação comenta que "o pessoal estava saqueando o Preferido por causa da ação do dia anterior".
Ele estava se referindo à morte do motorista de um veículo Chevrolet Prisma, abordado por PMs da Rota na rua Coriolano Durand, na noite de terça-feira (2). Segundo versão dos policiais militares, o automóvel estava com a placa de um carro similar, porém de modelo mais recente.
Os PMs disseram que decidiram fazer a abordagem, mas o condutor não obedeceu à ordem para estacionar, tentou fugir e bateu o Prisma em outros veículos. Ainda segundo a versão policial, o motorista desceu do automóvel armado e efetuou disparos contra os agentes.
Os militares acrescentaram que foram obrigados a revidar. O motorista foi atingido e levado para o Pronto-Socorro do Hospital Saboya, no Jabaquara. Ele não resistiu aos ferimentos. A Polícia Civil foi acionada para atender a ocorrência.
Investigadores apuraram que o Prisma era roubado. O DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) assumiu a investigação do caso, registrado inicialmente como morte decorrente de intervenção policial ou resistência seguida de morte.
O DHPP informou que os policiais militares envolvidos no episódio usavam câmeras corporais na farda e acrescentou que "as imagens só serão acessadas pelos meios administrativos", por ofício que será encaminhado à Corregedoria da Polícia Militar.
O nome do homem morto pela Rota não havia sido divulgado até a conclusão deste texto. Um morador ouvido pela reportagem contou, na condição de anonimato, que o mercado realmente foi saqueado em represália à ação dos policiais militares.
Há rumores de que o saque tenha sido articulado por integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) da região do Jabaquara. A Polícia Civil não tem ainda essa informação, mas não descarta a possibilidade do envolvimento do crime organizado..
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