Governador da Bahia diz que PM não pode ser transformada em "instrumento de desordem"
Em breve pronunciamento em rede de rádio e TV, na noite desta sexta-feira (3), o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), tentou passar uma mensagem de tranquilidade à população, e condenou duramente a greve de parte da Polícia Militar, que já dura quatro dias.
“Temos vivido momentos de intranquilidade, mas quero tranquilizar a todos. Saibam que todas as providências estão sendo tomadas. Estou agindo com rigor para conter a ação de um grupo de policiais que usa de métodos condenáveis para impor a desordem”.
Wagner lembrou que o movimento já foi considerado ilegal pela Justiça, e afirmou que o governo sempre esteve aberto à negociação. "Não podemos conviver com um movimento decretado ilegal pela Justiça baiana. Além disso, 12 mandados de prisão já foram emitidos", afirmou, sem dar detalhes sobre os mandados citados.
Ele prometeu continuar trabalhando para melhorar as condições de trabalho dos policiais. “Mas não aceito que um pequeno grupo cometa desordem. Continuarei firme na defesa da paz. A Polícia Militar da Bahia não pode ser transformada em um instrumento de desordem.”
No final da tarde, a Secretaria de Comunicação do governo estadual informou que as Forças Armadas e a Força Nacional disponibilizaram perto de 3.000 militares para ajudar a garantir a segurança em Salvador e em algumas das principais cidades do interior baiano como Vitória da Conquista, Ilhéus, Itabuna e Feira de Santana, onde o clima é tenso.
Ainda segundo a assessoria, já estão no Estado 2.350 homens e, amanhã, outros 600 militares devem chegar à Bahia. São tropas saídas dos Estados de Sergipe, Alagoas, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Quatro helicópteros do batalhão de Taubaté (SP) reforçam os equipamentos da polícia local.
Manifestantes invadem ônibus para bloquear avenida na Bahia
Neste sábado (4), por determinação da presidente Dilma Rousseff, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, acompanhará as ações das Forças Armadas em Salvador.
Violência
Números da Secretaria de Segurança Pública do Estado apontam 20 homicídios registrados só nesta sexta.
No final da tarde, a sede da Associação dos Policiais, Bombeiros e dos seus Familiares da Bahia (Aspra), em Salvador, foi fechada por determinação da juíza Janete Fadul de Oliveira, do Plantão Judiciário, que acatou pedido do Ministério Público.
Marcos Prisco, líder grevista da Aspra, acampado na Assembleia Legislativa da Bahia desde o início da greve, concedeu uma coletiva hoje com colete à prova de balas.
O clima de apreensão devido às ações de vândalos se manteve durante todo o dia. Quatro caminhões, dois supermercados e uma farmácia foram saqueados no bairro da Mata Escura, na capital. No bairro de Pirajá, também na periferia de Salvador, os comerciantes resolveram fechar as portas mais cedo, após uma onda de saques aos estabelecimentos do bairro.
No centro da cidade, um posto do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) antecipou o fim do expediente, e comerciantes do populoso bairro da Liberdade usaram tapumes para vedar as portas dos estabelecimentos. O boêmio bairro do Rio Vermelho, na orla, palco da festa de Iemanjá, na quarta-feira, ficou deserto. Na Pituba, área nobre da cidade, lojas começaram a fechar às 15h; as agências bancárias funcionaram, mas com poucos clientes.
Os pontos de ônibus passaram a tarde lotados devido a boatos de que o transporte coletivo não circularia após as 18h, mas a Superintendência de Trânsito e Transporte do Salvador (Transalvador) negou a suspensão do serviço. O Sindicato dos Rodoviários de Salvador também garantiu a manutenção do sistema de transporte, que circulou normalmente.
No bairro da Liberdade, 24 pessoas foram detidas nesta sexta, suspeitas de terem participado de arrombamentos e saques a estabelecimentos comerciais locais. No final da tarde outros suspeitos foram detidos sob a acusação de participação nos atos de vandalismo em várias partes da cidade. Durante as ações policiais, três revólveres foram apreendidos com os acusados.
Interior
Em Camaçari, na região metropolitana de Salvador, o clima também era tenso. No início da tarde, os proprietários das lojas do centro da cidade fecharam as portas temendo arrastões. Dois pequenos shoppings centers também fecharam.
Em Feira de Santana, a 100 km de Salvador, a população ficou sem transporte público durante grande parte do dia. Já em Barreiras, no oeste baiano, os policiais militares decidiram em assembleia aderir ao movimento grevista e paralisaram as atividades após as 13h. Além de Barreiras, há paralisações nas cidades de Ilhéus, Jequié e Itabuna.
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