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Delegado e coronel da PM são interrogados em julgamento de acusados de chefiar milícia no Rio

Do UOL, no Rio*

14/02/2012 21h57

O julgamento de quatro supostos chefes da milícia Liga da Justiça, que atua na zona oeste do Rio de Janeiro, teve início por volta das 13h40 desta terça-feira (14) e será retomado amanhã no 4º Tribunal do Júri, no prédio do TJ (Tribunal de Justiça), no centro da cidade. Os réus são os irmãos Jerominho e Natalino Guimarães, Luciano Guimarães (filho de Jerominho) e Leandro Viegas, o Leandrinho Quebra-Ossos.

Segundo a assessoria do TJ, três testemunhas foram interrogadas até o início desta noite: o ex-delegado da 43ª DP (Guaratiba), Antônio Silvino, que comandou parte do inquérito; e dois policiais militares, entre os quais o coronel Dário Santos, ex-comandante do Regimento de Polícia Montada. Mais dez depoentes ainda serão ouvidos pela juíza do 4º Tribunal do Júri, Elizabeth Machado Louro

O julgamento dos quatro réus --que estão presos desde 2009 na penitenciária de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, onde cumprem pena por formação de quadrilha armada-- se refere ao processo que investiga a tentativa de homicídio contra Marcelo Eduardo dos Santos durante uma carreata em Guaratiba, na zona oeste do Rio, no dia 15 de junho de 2005.

A vítima trabalhava como cobrador de um veículo de transporte alternativo na zona oeste da capital. A Liga da Justiça, que já controlava parte majoritária da máfia das vans na região, tinha interesse em se apropriar da linha Jardim Maravilha-Campo Grande.

Segundo investigações da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), os milicianos cobram taxas de até R$ 42 por dia útil para os motoristas de vans e kombis da zona oeste, o que garante uma das principais fontes de renda das organizações paramilitares.

O julgamento ocorreria em outubro do ano passado, mas foi adiado após um desentendimento entre a juíza Elizabeth Machado Louro e a defensora Bernardett de Lourdes da Cruz Rodrigues.

Depoimentos

De acordo com o ex-delegado Antônio Silvino, os réus Luciano Guimarães --que é filho do ex-vereador Jerominho e sobrinho de Natalino-- e Leandrinho Quebra-Ossos foram reconhecidos por testemunhas que presenciaram a tentativa de homicídio.

Além deles, o ex-policial Ricardo Teixeira Cruz, o Batman, que era o chefe operacional da Liga do Justiça, também estaria na cena do crime, segundo o inquérito policial. O suposto miliciano, porém, será julgado em separado, pois seus advogados conseguiram desmembrar o processo.

Um policial que também depôs nesta tarde afirmou que Jerominho e Natalino, os supostos mandantes do crime, foram vistos dentro de um carro nas proximidades do local no qual Marcelo Eduardo dos Santos quase foi assassinado.

Já o coronel Dário Santos confirmou as versões de seus depoimentos anteriores e alegou que o Regimento de Polícia Montada, do qual ele era o comandante na época, recebeu diversas denúncias sobre as atividades criminosas da família Guimarães e de seus aliados.

O julgamento desta terça-feira deveria ter começado por volta de 10h, porém a logística de segurança para garantir a presença dos réus fez com que a audiência só tivesse início mais de três horas depois. Os irmãos Natalino e Jerominho e os outros réus chegaram ao TJ por volta de 12h42.

(Com informações de Hanrrikson de Andrade, no Rio)