Ciclista morta na Paulista pode não ter sido fechada por ônibus, diz polícia
Uma nova testemunha ouvida pela Polícia Civil de São Paulo negou a tese de que a ciclista e bióloga Juliana Dias, 33, tenha sido fechada por um ônibus de transporte coletivo no dia em que foi atropelada. A jovem morreu no acidente, registrado no último dia 2, na avenida Paulista, próximo à rua Pamplona.
De acordo com a delegada Victória Lobo Guimarães, do 78º DP (Jardins), a testemunha ouvida nos últimos dias corroborou o que uma primeira depoente atestara: Juliana teria se desequilibrado da bicicleta, caído e sido atropelada na sequência por um ônibus que vinha pela faixa exclusiva.
No dia do acidente, a delegada indiciou por homicídio culposo (não intencional) o motorista de um segundo ônibus que teria agido com imperícia e negligência ao ultrapassar, pela terceira faixa --da direita para a esquerda--, o ônibus que atropelou a ciclista. Ela estava na segunda faixa.
“Essa outra testemunha deu uma versão oposta à do adolescente que ouvimos --ela nega, por exemplo, que a Juliana tenha sido fechada. Vamos aguardar o laudo do IC (Instituto de Criminalística) para poder concluir ou não o inquérito”, afirmou a delegada, referindo-se à versão apresentada pelo estudante Mateo Augusto, 17, que disse ter visto, da calçada, quando a ciclista teria sido fechada.
O laudo do IC tem prazo de 30 dias para ser entregue ao DP –o prazo vence no próximo dia 2. No dia do acidente, o motorista que teria fechado a bióloga foi liberado após pagamento de uma fiança de R$ 1.500.
O acidente e as manifestações de ciclistas
Juliana morreu no último dia 2 de março, no final da manhã, quando trafegava pela Paulista na segunda faixa, próximo à rua Pamplona. Ela foi atingida por um ônibus da linha 478P-10 (Sacomã-Pompeia) e, segundo testemunhas, usava equipamentos de segurança. A jovem foi atingida na cabeça e nas pernas.
Amigos da bióloga afirmaram que ela participava ativamente de movimentos que discutiam a acessibilidade urbana dos ciclistas. A jovem era pesquisadora do hospital Sírio Libanês, na região central, e fazia diariamente o percurso entre o trabalho e a Vila Mariana (zona sul), onde morava. A família é de São José dos Campos (interior paulista), onde o corpo dela foi sepultado.
Semana passada, uma manifestação nacional de ciclistas lembrou acidentes como o que matou a bióloga e pediu mais segurança a quem é adepto desse tipo de transporte. Em São Paulo, o ato foi realizado na própria Paulista, onde os manifestantes depositaram flores e uma bicicleta branca em memória da jovem.
Outros casos
Em janeiro de 2009, uma outra ciclista também morreu na avenida Paulista após ser atropelada por um ônibus. Márcia Regina de Andrade Prado, 40, era uma ativista do ciclismo e sua morte gerou uma série de manifestações na região.
Em junho do ano passado, o ciclista Antonio Bertolucci, 68, que era acionista e presidente do Conselho de Administração da Lorenzetti, morreu após ser atropelado por um ônibus fretado na avenida Paulo VI, na zona oeste da capital.
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