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Menor omitiu da mãe acidente com jet ski que matou menina em Bertioga (SP) no Carnaval

Grazielly Almeida Lames, de 3 anos, morreu ao ser atingida na cabeça por um jet ski desgovernado - Reprodução/Youtube
Grazielly Almeida Lames, de 3 anos, morreu ao ser atingida na cabeça por um jet ski desgovernado Imagem: Reprodução/Youtube

Fernando Mendonça

Do UOL, em São Paulo

15/03/2012 16h35

O adolescente I., de 14 anos, que estava na garupa do jet ski responsável pela morte da menina Grazielly Lames, no último dia 18 de fevereiro, em Bertioga (litoral de São Paulo), omitiu da mãe o que havia acontecido com o equipamento naquela tarde, na praia.

De acordo com depoimento da mãe do jovem, feito nesta semana na Delegacia Seccional de Santos da Polícia Civil, no final do dia do acidente, já em casa, seu filho apresentava comportamento estranho. “Ele estava muito ansioso, eufórico, mas eu não desconfiei de nada errado”, declarou.

Segundo a mãe, naquele sábado ela chegou ao apartamento em que estava, na Riviera de São Lourenço [condomínio de praia em Bertioga], por volta de 18h. O filho chegou um pouco mais tarde, em torno das 19h, e comentou apenas que havia passeado de barco com os padrinhos do amigo. “Mas ele não falou nada sobre o jet ski.”

No depoimento, ela informou que soube apenas na segunda-feira (20), pela imprensa, do acidente que havia matado Grazielly. “Perguntei se ele sabia de alguma coisa, ele disse que não”, informou.

O filho revelaria à mãe o que havia acontecido somente na terça-feira, três dias após o acidente. Em depoimento, também em Santos, nesta semana, o adolescente disse que soube de tudo na segunda-feira (19).

Ele afirmou ter sido fácil acionar o jet ski. “V. [o outro menor, de 13 anos] acionou a parte elétrica e apertou o botão start”, disse. Segundo ele, o equipamento deu uma volta sozinho “e saiu em alta velocidade”.

O adolescente também afirmou que o amigo foi autorizado a usar o equipamento, o que contradiz a versão do empresário José Augusto Cardoso, 51, proprietário do jet ski, e de seu caseiro, Erivaldo Francisco de Moura.

Intervenção

O depoimento do menor seria feito, a princípio, em Mogi das Cruzes (SP), cidade onde mora. O fato de ter sido feito em Santos indica que o novo delegado responsável pelo inquérito pode estar refazendo o trabalho que havia sido presidido pelo delegado titular de Bertioga, Maurício Barbosa, até último dia 6.

Naquele dia, após a conclusão do inquérito sem o indiciamento de ninguém, o delegado-geral da Polícia Civil do Estado de São Paulo, Marcos Carneiro Lima, interveio e encaminhou o caso para a Delegacia Seccional de Santos, uma instância superior na Secretaria da Segurança Pública.

O caso

Grazielly Almeida Lames, que visitava o mar pela primeira vez, brincava com a mãe na área rasa da praia quando o jet ski atingiu sua cabeça. Ela foi levada de helicóptero ao Hospital Municipal de Bertioga, com traumatismo craniano, mas chegou já morta.

O adolescente de 13 anos suspeito de dirigir o jet ski fugiu do local sem prestar socorro. No inquérito de Bertioga, o adolescente foi citado como responsável pelo acidente.

Ao longo do inquérito de Bertioga, foram ouvidas dez testemunhas, além dos pais e de um tio de Grazielly, dos pais do menor que provocou o acidente e de seus padrinhos, donos da casa onde o menino estava hospedado e do jet ski dirigido por ele.
 

Local do acidente

  • Arte UOL

    A praia de Guaratuba fica em Bertioga, no litoral norte de São Paulo