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Africanos que viajaram clandestinamente em navio até a Bahia são ouvidos pela PF

Gabriel Carvalho

Do UOL, em Salvador

27/03/2012 12h59

Os africanos que viajaram clandestinamente por 13 dias da Costa do Marfim, na África, até Ilhéus, no sul da Bahia (462 km de Salvador), deixaram o navio Celine C, de tripulação Filipina, na manhã desta terça-feira (27) e foram conduzidos até a delegacia da Polícia Federal para serem ouvidos. Eles ficarão sob liberdade vigiada até a conclusão do processo de deportação, que deve durar 15 dias.

Imagens divulgadas na internet

Em imagens postadas na internet no último fim de semana, um dos africanos aparece amarrado e sendo agredido por integrantes da tripulação do navio [vídeo ao lado], que partiu da Costa do Marfim, na África, no último dia 13, para transportar uma carga de cacau para o Brasil

A Polícia Federal diz que Samuel Ackom Kobena e DKwetku Attah, os dois africanos clandestinos,  não foram agredidos pelos tripulantes do navio, mas precisaram ser contidos, pois queriam fugir da embarcação.

A delegada da PF Denise Cavalcanti declarou ao UOL, nesta segunda-feira (26), que foram necessários vários tripulantes para dominar os africanos. “Os filipinos não levam vantagem na estatura, por isso, muitos deles tiveram que conter os rapazes, mas não houve agressão”, disse.

Em Brasília, o Consulado de Gana no Brasil, país de origem dos clandestinos, informou ao UOL por telefone que os rapazes têm 18 e 21 anos e fugiram da África para buscar melhores condições de vida. Ainda de acordo com o consulado, eles não têm passagem pela polícia no país africano.

Apesar da negativa da PF e do consulado, um funcionário do porto que não se identificou disse, no último sábado (24), em entrevista à TV Santa Cruz, afiliada da Rede Globo em Ilhéus (BA), que os rapazes foram espancados no interior do navio.

Nesta terça-feira (27), o deputado estadual, Yulo Oiticica (PT) apresentou um requerimento, aprovado por unanimidade pelos parlamentares da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa da Bahia, para obter informações sobre a situação dos africanos.

Onde fica Ilhéus (BA)

  • Arte/UOL

    Ilhéus está a 462 km de Salvador

O documento será enviado para a Polícia Federal. Os deputados devem seguir para Ilhéus para visitar e ouvir os clandestinos a fim de saber se eles foram vítimas de maus tratos. 

OAB e deputados da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa da Bahia informaram que pretendem ouvir os africanos. Sara Mercês, vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-Bahia, disse ao UOL por telefone que “seja qual for a situação, sejam eles clandestinos ou não, nenhum ser humano merece maus tratos. Diante disso, vamos destacar uma representação da Ordem em Ilhéus para acompanhar o caso e verificar se houve agressão”.