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PF prende 24 pessoas e apreende mais de 800 aves de quadrilha acusada tráfico internacional de animais

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

02/04/2012 22h06

Vinte e quatro pessoas foram presas nesta segunda-feira (2) pela PF (Polícia Federal), acusadas de integrarem uma organização criminosa que atuava no tráfico internacional de aves silvestres e exóticas. O balanço da Operação Estalo foi apresentado na noite de hoje e aponta que uma pessoa ainda está foragida. A ação teve origem em Pernambuco, mas se estendeu para mais sete Estados --São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Ceará, Amazonas, Santa Catarina, Roraima --, e o Distrito Federal.

Além das prisões, mais de 800 aves foram apreendidas, sendo 400 delas no Distrito Federal e 250 em São Paulo. Em Santa Catarina, onde não estavam previstas prisões, um homem que mantinha 100 aves em cativeiro foi preso em flagrante.

Segundo a PF, foram cumpridos 20 mandados de prisão preventiva, dois de prisão temporária e 30 de busca e apreensão. Outras duas pessoas que não estavam na lista foram presas em flagrante por manterem aves ilegalmente. E sete pessoas foram conduzidas para prestar esclarecimentos, por suspeita de integrarem a quadrilha.

O maior número de prisões ocorreu no Ceará, onde foram detidas seis pessoas. Distrito Federal e São Paulo registraram quatro prisões. Em Pernambuco, onde o esquema começou a ser investigado pela PF, apenas duas pessoas foram presas. No Amazonas, os policiais federais apreenderam um veículo com fundo falso, onde foram encontrados tranquilizantes para animais.

Se condenados, os acusados poderão pegar penas que, somadas, podem chegar a 50 anos de prisão.

O esquema

A PF informou que as aves eram contrabandeadas e vendidas ilegalmente. A maioria dos animais tem como habitat as selvas do Peru, Equador e Venezuela. Segundo as investigações, o mercado clandestino era fomentado por criadores de canários que promoviam brigas entre os animais. Durante as investigações, 2.000 aves foram apreendidas.

Segundo a PF, os acusados tinham lucros de até 3.000%, já que os animais eram adquiridos nos países onde viviam por valores entre R$ 12 e R$ 15, e vendidos por preços entre R$ 130 e R$ 220 no mercado clandestino. Ao chegar ao mercado brasileiro, os animais eram negociados por até R$ 300.

Para trazer as aves para o Brasil, os acusados contavam com o apoio de um policial civil, que recebia cerca de R$ 3.000 por carregamento. A PF não informou em que Estado o policial era lotado.

No mercado das rinhas, um bom canário era supervalorizado, e, conforme a habilidade apresentada, chegaria a valer R$ 100 mil. Para a PF, os valores eram recuperados em apostas nas brigas dos animais.

Nas investigações, o PF averiguou que em apenas uma luta as apostas poderiam facilmente chegar a R$ 50 mil. Segundo a PF, apenas parte das negociações foi investigada, e não há, a princípio, o valor movimentado pelo grupo.

Sistema federal

Segundo a PF, para realizar a legalização das aves, os acusados fraudavam os sistemas federais de controle, com falsificações e adulterações das anilhas (que funcionam como marcadores dos animais). Os acusados reaproveitariam ou clonariam as marcações. Entre os envolvidos, ao menos oito possuem cadastro no sistema federal como criadores amadoristas --alguns já tiveram licença cancelada pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) por envolvimento com o tráfico.

Nos últimos dez anos, o Ibama aplicou multas que superam R$ 30 milhões por crimes como transporte clandestino, comércio ilícito e da manutenção em cativeiro das aves.

Em 2011, foram apreendidos mais de 12 mil canários em rodovias e aeroportos dos Estados do Mato Grosso do Sul, São Paulo, Goiás, Distrito Federal, Ceará, Pernambuco e Amazonas.