Topo

Chineses clandestinos são interceptados em Uruguaiana (RS) tentando entrar na Argentina

Passaportes chineses são apreendidos pela Polícia Federal com imigrantes clandestinos - Divulgação/PF
Passaportes chineses são apreendidos pela Polícia Federal com imigrantes clandestinos Imagem: Divulgação/PF

Lucas Azevedo

Do UOL, em Porto Alegre

22/08/2012 15h28

Treze chineses em situação irregular no Brasil foram flagrados pela Polícia Federal nessa terça-feira (21), em Uruguaiana (649 km de Porto Alegre), na fronteira com a Argentina.

Divididos em dois grupos, eles estavam sob a coordenação de um argentino e de um paraguaio, que tentavam levá-los para o outro lado da fronteira. Os orientais foram ouvidos e devem deixar o país em três dias. Já os aliciadores, ou "coiotes", como são conhecidos, foram detidos.

A PF encontrou o primeiro grupo, com seis chineses, sob o comando do taxista argentino. Depois de conduzi-los à delegacia, os agentes flagraram os outros sete orientais acompanhados pelo paraguaio.

Em depoimento à PF, os dois coiotes preferiram ficar em silêncio. Eles foram autuados em flagrante por formação de quadrilha e pela lei de estrangeiros, que prevê a punição para quem introduz ou oculta estrangeiros clandestinos no país.

Por medo, os estrangeiros acabam não auxiliando as autoridades na elucidação dos crimes.

Rota

Os estrangeiros ingressaram no Brasil por São Paulo, a partir de Dubai, nos Emirados Árabes. Na capital paulista, embarcaram em um ônibus direto para Uruguaiana, de onde partiriam, também em coletivos, para a capital argentina, Buenos Aires.

"Eles usam Uruguaiana porque é um caminho estratégico, não precisam fazer muitas conexões. Desembarcam de São Paulo e já partem para a Argentina", disse o delegado da PF na cidade fronteiriça, Fabrício Padilha.

A polícia já identificou o sistema pelo qual opera essa quadrilha, que o delegado diz ser especializada no transporte de chineses. Desde julho, cerca de 50 orientais irregulares já foram identificados em Uruguaiana.

O delegado disse estimar que, desde o início do ano, mais de uma centena de imigrantes em situação ilegal foi encontrada nas ruas da cidade tentando ingressar na Argentina. Além dos chineses, africanos também fazem parte desse número.

“Mulas”

Diferentemente dos orientais, que, supõem as autoridades, buscam na capital argentina trabalho em mercados e fábricas de roupas, os africanos ingressam no território vizinho para vender bijuterias trazidas de São Paulo.

Entretanto, uma grande parte é utilizada como “mula” no tráfico internacional de drogas e de pedras preciosas. Segundo as autoridades, chama a atenção o fato de alguns orientais não se enquadrarem no perfil de imigrantes ilegais à procura de melhores condições de trabalho.

"Alguns grupos são de pessoas jovens, que não parecem ser pobres nem aparentam estar sendo trazidas de forma ameaçadora", afirmou Padilha. Uma das suspeitas é de que são vítimas de falsos pacotes turísticos para o Brasil, vendidos na China. Mas essa suspeita ainda carece de investigações, diz o policial.

Depois de identificados, os estrangeiros irregulares são notificados a deixar o país em três dias, sob pena de serem deportados. Já os aliciadores permanecem presos. Atualmente na carceragem da PF em Uruguaiana nove coiotes estão detidos, cinco deles, brasileiros.