Corregedoria da Polícia Civil assume investigação sobre morte de primo do goleiro Bruno
A Corregedoria da Polícia Civil de Minas Gerais informou nesta segunda-feira (27) que assumiu as investigações sobre a morte de Sérgio Rosa Salles, primo assassinado do goleiro Bruno Souza na última quarta-feira (22), no bairro Minaslândia, região norte de Belo Horizonte (MG).
Camelo, como era conhecido a vítima, iria juntamente com Bruno e mais seis pessoas a júri popular, ainda sem data definida, pelo sumiço de Eliza Samudio, ex-amante do jogador.
Em nota, a corregedoria explica que a razão para a mudança se deve ao fato de que Salles, durante a fase de investigações sobre o desaparecimento da moça, havia dito à Justiça ter sofrido constrangimentos no Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Em razão desse fato, a Promotoria de Direitos Humanos do Ministério Público de Minas Gerais solicitou à Corrgedoria, na última sexta-feira (24), que assumisse as investigações. “Para evitar qualquer dúvida em relação à transparência das investigações, a Corregedoria, então resolveu assumir a presidência do inquérito”, informa a nota.
O corregedor geral da Polícia Civil, Renato Patrício Teixeira, disse na tarde desta segunda-feira (27) que todas as linhas de investigação serão checadas, inclusive a que contempla a participação de policiais na morte de Salles. "Essa linha não pode ser descartada também", afirmou Teixeira.
O novo inquérito aberto nesta segunda será presidido pelo subcorregedor Alexandre Campbell e tem prazo de 30 dias para ser concluído. Salles foi morto por um atirador que ocupava a garupa de uma moto e o perseguiu, quando Camelo saía para o trabalho, e o assassinou com seis disparos de arma de fogo.
No sábado, a polícia havia informado que uma mensagem enviada ao celular de Salles há dois meses e contendo ameaças a ele seria investigada. Ainda conforme as investigações, Salles nunca teria pedido proteção policial diante da ameaça.
“Tô na pista. Você é o próximo”
Reportagem do “Fantástico” desse domingo (26) afirma que o torpedo recebido por Camelo continha a frase: “Tô na pista. Você é o próximo”. A polícia não divulgou o nome do autor do torpedo.
Camelo contribuiu com as investigações policiais e participou, em 2010, de uma reconstituição no sítio do goleiro localizado na cidade de Esmeraldas (região metropolitana de Belo Horizonte).
Ele chegou a colocar Bruno na cena do suposto crime, mas retirou o depoimento ao falar à polícia e à Justiça. Os testemunhos contra o goleiro, segundo algumas pessoas ligadas ao caso, foram fruto de suposta desavença com o réu Luiz Henrique Romão, o Macarrão, amigo de Bruno.
Salles havia confirmado quase integralmente a versão dada por outro primo do goleiro, que também responde por envolvimento no caso. As informações do jovem, que cumpre medida socioeducativa em Minas Gerais e já atingiu a maioridade, foram o estopim para a prisão de Bruno.
Ainda conforme a reportagem, uma carta atribuída a Camelo e endereçada a seus pais, quatro meses antes de ele mudar a versão de 2010 e retirar as acusações contra Bruno, revelou que ele havia confirmado ser verdadeiro o primeiro depoimento dado à polícia, mas vinha sofrendo pressão de advogados de outros réus para mudar a sua versão. Francisco Simim, um dos advogados do goleiro Bruno, disse ao programa que desconhecia algum tipo de pressão de advogados de outros réus sobre Salles.
Presos teriam ligação com morte
A Polícia Militar mineira prendeu no sábado (25) sete homens sob acusação de tráfico de drogas no bairro em que Camelo foi morto. Uma informação anônima recebida pelo setor de inteligência do 13º Batalhão da PM associou três dos presos à morte de Salles.
No entanto, o delegado Sidney Aleluia, plantonista da delegacia de Venda Nova, para onde os detidos foram encaminhados, afirmou que eles negaram terem tido participação na morte de Salles. Os suspeitos foram encaminhados ao Ceresp (Centro de Remanejamento do Sistema Prisional) São Cristóvão, no bairro Lagoinha, onde ficarão à disposição da Justiça.
A Polícia Civil informou ter descartado, por meio de investigação “em campo”, que Camelo tenha sido morto por causa de uma suposta briga durante uma partida de futebol realizada dias antes de seu assassinato.
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