Topo

Diretor da escola invadida por atirador em Realengo anuncia aposentadoria

Fachada da escola Tasso, Silveira, no Rio de Janeiro - Rafael Andrade/Folhapress
Fachada da escola Tasso, Silveira, no Rio de Janeiro Imagem: Rafael Andrade/Folhapress

Da Agência Brasil

15/10/2012 07h44

A aposentadoria  está programada para 2013 e a sensação é de dever cumprido. Assim, o diretor da Escola Municipal Tasso da Silveira, Luis Marduk Bráz, 57, há quatro anos na função e há 30 na escola, começa a se despedir. Por causa da tragédia que vitimou 12 alunos no colégio, em Realengo (RJ), vítimas de um atirador, ele adiou a aposentadoria para o próximo ano.

Marduk liderou o esforço de recuperação do colégio e revela como tem trabalhado para superar o trauma: “Nossa relação é mais que profissional, é de confiança. Foi isso que norteou nossa resistência”.

Passada a tragédia, o medo era que os alunos e professores abandonassem o colégio e que a Tasso da Silveira ficasse manchada na comunidade. O que ocorreu, no entanto, foi o contrário: “Professores aposentados, de licença, todos vieram nos ajudar. Em uma situação de emergência, toda oferta era bem-vinda”. Para Marduk, a coesão que existia ante da tragédia fez a diferença.

A mesma opinião tem a professora Vanessa Duarte, há 11 anos no colégio, “A escola já era muito boa antes e isso favoreceu”. Também contribuiu o tratamento psicológico que muitos profissionais ainda recebem. Nos meses seguintes ao incidente, uma equipe especializada em neuropscologia desembarcou de Recife para tratar o corpo discente.

A reforma total das instalações foi outro marco. Apesar de conviver com meses de barulho e poeira, o professor de história Jorge Willian da Costa Lino disse que a mudança foi fundamental para enterrar as lembranças do episódio. A sala de aula atacada teve parede derrubada e deu lugar a uma passagem para o prédio anexo, com sala de informática, laboratório de ciências e auditório.

As demais salas receberam novos armários, quadros, murais, instalação para projetores e aparelhos de ar condicionado. “A tragédia foi gigantesca, entendíamos que a reforma era necessária para amenizar o problema e ajudar a comunidade a  não perder o amor pela escola”, disse Vanessa.  “Na verdade, a gente conseguiu resgatar uma história que tem há anos”, completou Jorge.

Os professores  não receberam capacitação extra, mas a visibilidade do colégio na mídia e a atenção dada tanto pela Secretaria Municipal de Educação, quanto por pessoas famosas como artistas e jogadores de futebol, deu fôlego. Porém, o mais importante, lembram, “é a união e o sentimento de pertencimento”, diz Jorge. “A direção sempre fez um bom trabalho”, acrescentou Vanessa.

A Tasso da Silveira tem 1.100 alunos e está lotada. Continua sendo referência no bairro de Realengo, na zona norte do Rio. “Nosso grande desafio e preocupação,é sustentar a qualidade depois desse terrível acidente. Vou deixar como um legado importante. Saio desse desafio muito orgulhoso de minha equipe e de nossa superação”, declarou Luis Marduk.