Topo

Mãe muda versão e diz que filho passou noite inteira em carro antes de morrer em Goiás

Lourdes Souza

Do UOL, em Goiânia

30/10/2012 11h45

Andressa Prado de Oliveira, 26, presa desde que o filho José Ronaldo Prado de Oliveira, de um ano, foi encontrado morto dentro do carro em Aparecida de Goiânia, em março deste ano, mudou sua versão sobre o ocorrido em depoimento na última audiência de instrução do processo criminal, na tarde dessa segunda-feira (29), no Fórum de Justiça da cidade.

Ao juiz da 4ª Vara Criminal do município, Thúlio Marco Miranda, ela confessou que o bebê ficou a noite inteira no veículo, e não somente a partir das 9 horas da manhã, como alegou inicialmente.

Segundo Andressa, era um costume do casal deixar a criança dentro do carro, onde ele sempre se acalmava. Ela disse que na noite do dia 26, que antecedeu a morte, após o jantar o filho estava agitado, e eles o colocaram no banco da frente do carro, com um edredom.

Andressa disse ainda que, como sempre dormia tarde, por volta das 4 horas da manhã foi verificar como o filho estava. De acordo com ela, o bebê continuava dormindo, e ela resolveu deixá-lo ali mesmo.

Como estava grávida de cinco meses, Andressa afirmou que tomou um remédio para enjôo e se deitou, confiante de que o marido, Gilney do Carmo Pereira, 20, como ocorreu em outras vezes, acordaria primeiro e pegaria a criança. Mas no dia 27, eles acordaram por volta das 13h30 e encontraram a criança morta dentro do carro.

Ela afirmou que o marido a acordou logo após ter ido ao carro buscar José Ronaldo. Segundo Andressa, os dois ficaram desesperados e chamaram a polícia, mas antes resolveram tirar o edredom do local para apresentarem a versão inicial de que a criança tivesse permanecido no carro somente no período da manhã.

Homicídio doloso

Para a delegada titular da Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente (DPCA) de Aparecida de Goiânia, Myrian Vidal, a nova versão de Andressa altera o processo, mas não a qualificação do crime. Segundo ela, o inquérito manterá a acusação de homicídio doloso porque os dois queriam matar a criança ou assumiram o risco de uma morte ao deixá-la no carro.

Após a confissão de Andressa que a criança ficou a noite inteira dentro do carro e houve alteração no ambiente com a retirada do edredom, a delegada reconvocará Gilney do Carmo Pereira. A previsão é de que ele preste novo depoimento ainda nesta quarta-feira (31).

A delegada também aguarda a emissão de um novo laudo pelo Instituto Médico Legal (IML) sobre as causas da morte da criança. Com o final da fase de instrução e depoimentos de testemunhas, o processo retorna para a promotoria e para o advogado de defesa, para as alegações finais. Se for acusada de homicídio doloso, ela poderá ir a júri popular.