"A intenção de Bruno era assassinar também a criança", diz mãe de Eliza Samudio
O garoto Bruno, de 2 anos e oito meses, filho do goleiro Bruno Fernandes de Souza com Eliza Samudio, está fazendo tratamento psicológico desde março.
A informação é de Sônia de Fátima Moura, mãe de Eliza e avó de Bruninho, como o menino é conhecido. Sônia afirmou ainda que está fazendo também tratamento com médicos. "O Bruninho e eu estamos fazendo tratamento psicológico e medicação. É preciso que os restos mortais de minha filha sejam encontrados. Meu neto precisa de um ponto de referência. Amanhã ou depois, ele vai perguntar onde a mãe está enterrada", afirmou Sônia Moura.
Em entrevista exclusiva ao UOL, a mãe de Eliza disse que a criança só não foi morta junto com a mãe porque Eliza o defendeu.
"Minha filha foi uma guerreira. A intenção de Bruno era assassinar também a criança, mas minha filha conseguiu proteger a criança. Ela protegeu a criança", disse. Na entrevista, durante um intervalo do julgamento, Sônia Moura chorou.
Ela explicou que somente no sábado (17) soube de detalhes do suposto sequestro e assassinato de sua filha. "Sábado, após chegar a Belo Horizonte, tive conhecimento de alguns detalhes do caso. Os advogados sempre me pouparam, mas agora me contaram os detalhes, tudinho o que aconteceu. Senti uma revolta enorme com o sofrimento que minha filha passou antes de morrer, a forma premeditada do crime", afirmou.
Sônia Moura disse que vai acompanhar o julgamento até o fim. "A justiça, com a condenação de todos os réus, será feita. Estou confiante na condenação de todos. Hoje começa a batalha.”
Morte
Desde as prisões, em agosto de 2010, novos fatos surgiram, ora ajudando, ora embaralhando as investigações do que pode ter acontecido com Eliza em Minas Gerais. Dezenas de testemunhas foram ouvidas, delegadas foram afastadas do caso, acusados disseram ter sido agredidos ou passaram mal na prisão, e peritos chegaram a desqualificar provas colhidas durante o inquérito. Morte e tentativas de homicídio, além de lista de marcados para morrer, também estiveram presentes nesses dois anos. Um dos réus, Sérgio Salles aguardava o júri em liberdade e foi assassinado quando ia para o trabalho, em Minas Gerais.
Ainda nesse período, uma juíza foi acusada de tentar extorquir Bruno para livrá-lo da cadeia, um suposto plano para matar outra juíza e um deputado foi descoberto, uma série de TV contando o caso quase foi impedida de ir ao ar, e uma carta anônima chegou ao estúdio de um programa de rádio indicando o local exato de onde estaria o corpo de Eliza. Mesmo tendo sido revelado em sonho, o lugar indicado foi visitado pela polícia, que não encontrou nada por lá. A última revelação foi dada pelo padrasto de Eliza, para quem a enteada está viva.
A criança
Pivô involuntário do desaparecimento da mãe, o filho de Eliza e Bruno tem atualmente dois anos e oito meses e vive em Mato Grosso do Sul com a avó materna, que ganhou na Justiça o direito de criá-lo, depois de uma pendenga judicial com o avô, que também queria o menino.
Condenado ou absolvido, Bruno já declarou que não pretende brigar pela guarda do filho, cuja paternidade foi atribuída a ele pela Justiça do Rio de Janeiro em julho deste ano. Seu maior sonho é disputar a Copa do Mundo de 2014 como titular da seleção brasileira e dar o título ao país defendendo um pênalti cobrado pelo argentino Messi na final.
VEJA O O QUE SERÁ APRESENTADO NO JULGAMENTO DOS ACUSADOS
RÉU | ACUSAÇÃO | O QUE DIZ O MP | O QUE DIZ A DEFESA |
BRUNO | Responde pelos crimes de sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver | Mentor e mandante da morte de Eliza, ameaçou-a de morte durante a gravidez. O goleiro determinou que Eliza fosse sequestrada e levada a sua casa, no Rio de Janeiro. Acompanhou o deslocamento de Eliza, já sequestrada e ferida na cabeça após receber coronhadas, para Minas | Nega a existência do crime. Eliza não foi morta porque não há corpo. Anteriormente, havia reconhecido a morte de Eliza, mas sem a participação, concordância ou o conhecimento do goleiro. A atribuição do crime havia sido dada a Macarrão, insinuando que o ex-braço direito nutria um “amor homossexual” pelo jogador |
MACARRÃO | Responde pelos crimes de sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado, e ocultação de cadáver | Também ameaçou Eliza durante a gravidez e foi o responsável pelo sequestro da moça no Rio de Janeiro. Foi o motorista do carro, com Eliza e o filho, na viagem para Minas Gerais. Dirigiu o veículo que transportou a moça até a casa de Bola. Amarrou as mãos de Eliza e desferiu chutes nas pernas da moça | Não existem provas materiais do crime de homicídio. Ele declarou que, Para evitar “especulações”, não adianta detalhes da estratégia de defesa a ser adotada |
BOLA | Responde pelos crimes de homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver | Executor de Eliza, estrangulou a jovem dentro de casa, em Vespasiano. Esquartejou o corpo da mulher e atirou uma das mãos a cães rottweiler. Foi incumbido de desaparecer com o corpo | Nega as acusações e afirma que apresentará “prova cabal” aos jurados, durante o julgamento, da inocência de Bola |
DAYANNE | Responde pelos crimes de sequestro e cárcere privado da criança | Participou da “vigilância” feita sobre Eliza e o filho no sítio do goleiro em Esmeraldas, apontado pela polícia como o cativeiro de Eliza antes de sua morte. Sabia do plano para matar a ex-amante do jogador. Tentou desaparecer com o filho de Eliza, localizado posteriormente pela polícia em Ribeirão das Neves | Nega que Dayanne soubesse do plano para matar Eliza, ela apenas cuidou da criança depois de um pedido do ex-marido. Sobrevivência do filho de Eliza se deu graças a Dayanne |
FERNANDA | Responde pelos crimes de sequestro e cárcere privado de Eliza e do filho dela | Outra ex-amante de Bruno, auxiliou Macarrão a manter Eliza dentro da casa do goleiro no Rio antes da viagem para Minas. Cuidou do filho de Eliza nesse período e acompanhou Bruno e Macarrão na ida para Minas. Sabia da intenção do grupo de matar Eliza | É inocente, não sabia de nenhum plano para matar Eliza. Não presenciou um cenário que remetesse ao crime atribuído a ela. A viagem a Minas Gerais com o goleiro havia sido programada um mês antes do crime. Não notou ferimentos em Eliza |
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