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Advogado de Bola diz que vai recorrer ao TJ para defender cliente e que vai acionar CNJ contra juíza

Rayder Bragon

Do UOL, em Contagem (MG)

19/11/2012 16h19Atualizada em 19/11/2012 18h25

O advogado Fernando Magalhães, um dos defensores do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, afirmou, após ter abandonado o julgamento de seu cliente, que vai recorrer ao TJ-MG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais) contra o que classificou como "cerceamento de defesa” e que vai tentar permanecer na defesa do réu.

Magalhães declarou que os advogados do ex-policial vão entrar com uma representação contra a magistrada Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, do 1º Tribunal do Júri de Contagem, no CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

“Ele [Bola] nos quer no caso. Vamos ao Tribunal de Justiça e ao Conselho Nacional de Justiça para que possamos continuar no processo sem o cerceamento de defesa”, afirmou.

Magalhães e os outros advogados de Bola deixaram o fórum Doutor Pedro Aleixo na tarde desta segunda-feira (19).

“A magistrada está desrespeitando o direito de defesa e impedindo que nos manifestemos de maneira livre”, disse Magalhães. “É impossível que se aconteça um julgamento”, afirmou.

“A falta de acesso a mídias, a falta de acesso às provas dos autos, a falta de acesso aos jurados de provas que foram recolhidas anteriormente... são 35 nulidades que nós apontamos, e ela quer que nós falemos das 35 em 20 minutos”, afirmou o advogado, que saiu do local com uma bolsa de viagem.

A juíza perguntou a Bola se ele gostaria de ser defendido por dois defensores públicos. Diante da negativa, a juíza determinou que ele apresente novos advogados no prazo de dez dias e desmembrou o processo em relação a ele.

“Acredito que a vontade dele prevalece, e o Tribunal de Justiça terá bom senso. Nós não fizemos nada para termos essa sanção”, afirmou o advogado.

Magalhães disse ainda que a juíza vai "vedar" a volta dos advogados à defesa do ex-policial.

Já o advogado Ércio Quaresma, que também defendia Bola e foi o primeiro a abandonar o júri, afirmou que voltará ao caso no momento em que Bola for julgado, em uma nova data.

 

Entenda o caso

A paranaense Eliza Silva Samudio tinha 25 anos em junho de 2010, quando, segundo relatos de amigos, saiu do Rio de Janeiro, onde morava, e foi para Esmeraldas, na região metropolitana de Belo Horizonte, para conversar com o goleiro Bruno, pai de seu filho, então um bebê de quatro meses.

Bruno mantinha um sítio na cidade mineira, onde costumava descansar e reunir amigos, mas foi no Rio que Bruno começou a se relacionar com Eliza, no início de 2009. Cerca de um ano depois, em fevereiro de 2010, eles tiveram um filho.

Amigos contam que o relacionamento entre os dois havia “azedado” logo que Eliza soube que estava grávida. Eles relatam que Bruno e Eliza brigavam muito, e o goleiro a teria agredido e obrigado a tomar remédios abortivos. A pedido dele, Eliza teria ido ao sítio em Minas para tentar chegar a um acordo sobre a paternidade da criança. Foi e não foi mais vista.

VEJA O O QUE SERÁ APRESENTADO NO JULGAMENTO DOS ACUSADOS

RÉUACUSAÇÃOO QUE DIZ O MPO QUE DIZ A DEFESA
BRUNOResponde pelos crimes de sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáverMentor e mandante da morte de Eliza, ameaçou-a de morte durante a gravidez. O goleiro determinou que Eliza fosse sequestrada e levada a sua casa, no Rio de Janeiro. Acompanhou o deslocamento de Eliza, já sequestrada e ferida na cabeça após receber coronhadas, para MinasNega a existência do crime. Eliza não foi morta porque não há corpo. Anteriormente, havia reconhecido a morte de Eliza, mas sem a participação, concordância ou o conhecimento do goleiro. A atribuição do crime havia sido dada a Macarrão, insinuando que o ex-braço direito nutria um “amor homossexual” pelo jogador
MACARRÃOResponde pelos crimes de sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado, e ocultação de cadáverTambém ameaçou Eliza durante a gravidez e foi o responsável pelo sequestro da moça no Rio de Janeiro. Foi o motorista do carro, com Eliza e o filho, na viagem para Minas Gerais. Dirigiu o veículo que transportou a moça até a casa de Bola. Amarrou as mãos de Eliza e desferiu chutes nas pernas da moçaNão existem provas materiais do crime de homicídio. Ele declarou que, Para evitar “especulações”, não adianta detalhes da estratégia de defesa a ser adotada
BOLAResponde pelos crimes de homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáverExecutor de Eliza, estrangulou a jovem dentro de casa, em Vespasiano. Esquartejou o corpo da mulher e atirou uma das mãos a cães rottweiler. Foi incumbido de desaparecer com o corpoNega as acusações e afirma que apresentará “prova cabal” aos jurados, durante o julgamento, da inocência de Bola
DAYANNEResponde pelos crimes de sequestro e cárcere privado da criançaParticipou da “vigilância” feita sobre Eliza e o filho no sítio do goleiro em Esmeraldas, apontado pela polícia como o cativeiro de Eliza antes de sua morte. Sabia do plano para matar a ex-amante do jogador. Tentou desaparecer com o filho de Eliza, localizado posteriormente pela polícia em Ribeirão das NevesNega que Dayanne soubesse do plano para matar Eliza, ela apenas cuidou da criança depois de um pedido do ex-marido. Sobrevivência do filho de Eliza se deu graças a Dayanne
FERNANDAResponde pelos crimes de sequestro e cárcere privado de Eliza e do filho delaOutra ex-amante de Bruno, auxiliou Macarrão a manter Eliza dentro da casa do goleiro no Rio antes da viagem para Minas. Cuidou do filho de Eliza nesse período e acompanhou Bruno e Macarrão na ida para Minas. Sabia da intenção do grupo de matar ElizaÉ inocente, não sabia de nenhum plano para matar Eliza. Não presenciou um cenário que remetesse ao crime atribuído a ela. A viagem a Minas Gerais com o goleiro havia sido programada um mês antes do crime. Não notou ferimentos em Eliza