Com cruz, empresário percorre julgamentos "badalados" pelo país para protestar
O empresário do setor gráfico André Luiz dos Santos, 51, de Viçosa (226 km de Belo Horizonte), diz que tem prejuízo em sua empresa quando se afasta dela para defender o que chama de “justiça para todos”. No entanto, diz ele, não “pode” deixar de se manifestar: “Quero justiça! Prefiro ter prejuízo”. Nesta segunda-feira (19), Santos chegou pouco antes de 8h ao Fórum de Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, para acompanhar o julgamento do goleiro Bruno Souza e demais acusados de envolvimento no desaparecimento e morte de Eliza Samudio.
“Já tenho experiência participei dos julgamentos de [Alexandre] Nardoni e [Anna Carolina] Jatobá e dos assassino [Lindemberg Alves] de Eleoá [Cristina Pimentel], em São Paulo. Rodo o país, fazendo isso”, afirmou Santos.
Ele carrega um crucifixo com diversas frases e fotos dos envolvidos no processo e pede Justiça. “Não peço condenação, peço justiça”, afirma.
Ele diz que permaneceu, durante o julgamento do mensalão, durante “alguns dias” na frente do STF (Supremo Tribunal Federal), com a mesma intenção: “clamar por justiça”. No processo de votação do Ficha Limpa no Congresso Nacional, Santos fez greve de cinco dias para que a iniciativa tivesse aprovação. “Só luto por causa justas”, afirma.
“Mãe é mãe”
Maria das Graças Silva, 55, dona de casa, e o estudante do ensino médio, César Augusto de Paula Oliveira, 18, ambos moradores de Contagem, afirmaram que vão permanecer na entrada do Fórum de Contagem até o fim do julgamento do goleiro Bruno e dos outros acusados pelo crime contra Eliza Samudio.
Acabaram se tornando amigos, em poucas horas, por conta da causa comum e a iniciativa de protestar.
“Vamos fazer a união. Ele [o goleiro Bruno] pode ser absolvido por causa do dinheiro. Não podemos deixar isso acontecer”, diz. Em uma folha de papel do caderno da escola, Oliveira escreveu a frase “Cadê Elisa?”, que segurava para os fotógrafos junto com Maria das Graças.
“Viramos amigos, vamos lutar juntos. Conversei com Deus e sei que o Bruno é culpado”, afirmou. “Sou mãe e mãe é mãe. Sei o que a mãe da Eliza está passando."
Os dois garantem que vão, todos os dias, permanecer no local, até o fim do julgamento.
VEJA O O QUE SERÁ APRESENTADO NO JULGAMENTO DOS ACUSADOS
RÉU | ACUSAÇÃO | O QUE DIZ O MP | O QUE DIZ A DEFESA |
BRUNO | Responde pelos crimes de sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver | Mentor e mandante da morte de Eliza, ameaçou-a de morte durante a gravidez. O goleiro determinou que Eliza fosse sequestrada e levada a sua casa, no Rio de Janeiro. Acompanhou o deslocamento de Eliza, já sequestrada e ferida na cabeça após receber coronhadas, para Minas | Nega a existência do crime. Eliza não foi morta porque não há corpo. Anteriormente, havia reconhecido a morte de Eliza, mas sem a participação, concordância ou o conhecimento do goleiro. A atribuição do crime havia sido dada a Macarrão, insinuando que o ex-braço direito nutria um “amor homossexual” pelo jogador |
MACARRÃO | Responde pelos crimes de sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado, e ocultação de cadáver | Também ameaçou Eliza durante a gravidez e foi o responsável pelo sequestro da moça no Rio de Janeiro. Foi o motorista do carro, com Eliza e o filho, na viagem para Minas Gerais. Dirigiu o veículo que transportou a moça até a casa de Bola. Amarrou as mãos de Eliza e desferiu chutes nas pernas da moça | Não existem provas materiais do crime de homicídio. Ele declarou que, Para evitar “especulações”, não adianta detalhes da estratégia de defesa a ser adotada |
BOLA* | Responde pelos crimes de homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver | Executor de Eliza, estrangulou a jovem dentro de casa, em Vespasiano. Esquartejou o corpo da mulher e atirou uma das mãos a cães rottweiler. Foi incumbido de desaparecer com o corpo | Nega as acusações e afirma que apresentará “prova cabal” aos jurados, durante o julgamento, da inocência de Bola |
DAYANNE | Responde pelos crimes de sequestro e cárcere privado da criança | Participou da “vigilância” feita sobre Eliza e o filho no sítio do goleiro em Esmeraldas, apontado pela polícia como o cativeiro de Eliza antes de sua morte. Sabia do plano para matar a ex-amante do jogador. Tentou desaparecer com o filho de Eliza, localizado posteriormente pela polícia em Ribeirão das Neves | Nega que Dayanne soubesse do plano para matar Eliza, ela apenas cuidou da criança depois de um pedido do ex-marido. Sobrevivência do filho de Eliza se deu graças a Dayanne |
FERNANDA | Responde pelos crimes de sequestro e cárcere privado de Eliza e do filho dela | Outra ex-amante de Bruno, auxiliou Macarrão a manter Eliza dentro da casa do goleiro no Rio antes da viagem para Minas. Cuidou do filho de Eliza nesse período e acompanhou Bruno e Macarrão na ida para Minas. Sabia da intenção do grupo de matar Eliza | É inocente, não sabia de nenhum plano para matar Eliza. Não presenciou um cenário que remetesse ao crime atribuído a ela. A viagem a Minas Gerais com o goleiro havia sido programada um mês antes do crime. Não notou ferimentos em Eliza |
- * Os advogados do acusado abandonaram o julgamento. Como Bola recusou a indicação de um defensor público, ele deverá ser julgado em outro momento
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