Josmar Jozino

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Reportagem

Gritzbach: advogado e empresários delatados passam Natal em prisão do PCC

O advogado Ahmed Hassan Saleh, 51, o Mudi, e os empresários Robinson Granger Moura, 54, o Molly, e Ademir Pereira de Carvalho, 50, delatados por Antônio Vinícius Gritzbach, 38, por suposto envolvimento com o PCC (Primeiro Comando da Capital) vão passar o Natal isolados na prisão.

Segundo a SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária), os três estão recolhidos no CDP 1 (Centro de Detenção Provisória 1) do Belém, na zona leste paulistana. A reportagem apurou que eles permanecem isolados no setor chamado de R.O. (Regime de Observação).

O R.O. é destinado aos recém-chegados à prisão. Eles ficam nessa ala por um período de 15 a 30 dias, para se adaptar à unidade. Não têm acesso à visita. Somente depois de passar por essa etapa são colocados em um raio (pavilhão) comum junto ao convívio com os demais presos.

O CDP 1 do Belém tem capacidade para 853 detentos, mas até segunda-feira (23) abrigava 1.252. A unidade é destinada a prisioneiros integrantes do PCC. Os presos do convívio normal, ou seja, aqueles que não estão no R.O., recebem visitas aos sábados e domingos.

As pequenas celas do CDP foram construídas para abrigar no máximo oito detentos. Porém, por causa da superlotação chegam a comportar até 40 presos. A maioria dorme no chão. Muitos enfrentam doenças de pele, têm tuberculose e outros problemas respiratórios. Há só um banheiro no xadrez.

Mudi, Molly e Ademir foram presos pela Polícia Federal no último dia 17, durante a Operação Tacitus (silencioso, em latim), deflagrada para combater uma organização criminosa ligada ao PCC, à corrupção policial e lavagem de dinheiro.

O delegado Fábio Baena Mrtin, 49, os investigadores Eduardo Monteiro, 47, Marcelo Souza, 54, Marcelo Ruggieri, 53, e o agente de telecomunicações Rogério Almeida Felício, 46, também foram detidos. Eles estão no Presídio Especial da Polícia Civil.

Antes da prisão, Mudi, Molly e Ademir levavam uma vida de luxo. Investigações da Polícia Federal e do MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) mostram que os três moravam em apartamentos caríssimos, com mais de 300 metros quadrados, na região do Jardim Anália Franco.

Interessados no morte do delator

O empresário Vinícius Gritzbach delatou os três ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado), subordinado ao MP-SP, por suposto esquema de lavagem de dinheiro para integrantes da cúpula do PCC.

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Segundo Gritzbach, o trio era ligado ao narcotraficante Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, morto a tiros em 27 de dezembro de 2021 no Tatuapé, zona leste, junto com o motorista Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue.

Gritzbach foi acusado por eles de ter sido o mandante da morte de Cara Preta, um dos integrantes mais endinheirados do PCC. O empresário teria investido R$ 200 milhões do criminoso em criptomoedas e desviado o dinheiro. Desde então passou a receber ameaças de morte.

O empresário contou à Polícia Civil que Mudi, Molly e Ademir descobriram que ele tinha feito acordo de delação premiada com o Gaeco e, por isso, eram os maiores interessados na morte dele. Gritzbach foi morto com tiros de fuzis no dia 8 de novembro no aeroporto internacional de Guarulhos.

A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Mudi, Molly e Ademir Pereira nem com os defensores dos cinco policiais civis presos. O espaço permanece aberto para manifestações. O texto será atualizado se houver posicionamentos.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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