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Comandante assume falha em hidrante, mas diz que não faltou água em incêndio no Rio

Bombeiros inspecionam o apartamento do desembargador após o incêndio que atingiu o imóvel - Fernando Quevedo/Agência O Globo
Bombeiros inspecionam o apartamento do desembargador após o incêndio que atingiu o imóvel Imagem: Fernando Quevedo/Agência O Globo

Do UOL, no Rio

05/03/2013 11h21

O secretário estadual de Defesa Civil e comandante-geral do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, coronel Sérgio Simões, afirmou nesta terça-feira (5) que uma suposta escassez de água não prejudicou o combate ao incêndio que vitimou, na segunda-feira (4), um desembargador e sua mulher, na residência do casal, no Leblon, na zona sul da cidade --ambos se jogaram de uma altura de 15 metros para tentar escapar do fogo.

"A viatura que chegou ao local tinha uma quantidade de água para o combate e, identificado o problema no hidrante, a opção mais rápida e mais efetiva foi utilizar o do prédio ao lado. Portanto, não faltou, em nenhum momento, água para o combate ao fogo", afirmou o secretário em entrevista à rádio CBN. As vítimas foram identificadas como Ricardo Damião Areosa e Cristiane Teixeira Pinto.

O comandante ressaltou ainda que a responsabilidade pela vistoria e manutenção dos hidrantes é do próprio Corpo de Bombeiros, isentando assim a Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos) de qualquer responsabilidade. De acordo com ele, a empresa trabalha em sintonia com os Bombeiros, e o problema em relação ao hidrante no Leblon teria sido um "caso pontual".

Simões também desmentiu a informação de que a corporação teria apenas 13 escadas magirus --utilizada pelos bombeiros em alturas mais elevadas. Segundo ele, o Corpo de Bombeiros do Rio possui 17 equipamentos de combate a incêndios em prédios elevados, entre os quais as tradicionais escadas mecânicas e plataformas adaptadas. "Eles cumprem a mesma função", disse Simões.

Na versão do coronel, o equipamento utilizado pela corporação é o de "maior alcance disponível no mercado", e pode atender a ocorrências com até 90 metros de altura, o que seria equivalente a um prédio de 30 andares.

Casal morre ao fugir do fogo

  • O casal Cristiane Teixeira Pinto, 33, e Ricardo Damião Areosa, 57, vítima do incêndio

Incêndio

O desembargador Ricardo Damião Areosa, 57, e a advogada Cristiane Teixeira Pinto, 33, morreram na noite de domingo (3), depois de pularem do apartamento onde moravam para escapar de um incêndio. O casal morava na cobertura de um prédio de quatro andares e não conseguiu abrir a porta, que era blindada. Eles tentaram então pela janela da área de serviço e saltaram de uma altura de cerca de 15 metros.

Areosa caiu em cima de um muro e morreu imediatamente. Cristiane atingiu o toldo de um prédio vizinho e chegou a ser socorrida com vida, mas morreu no Hospital Miguel Couto, vítima de traumatismo craniano. De acordo com testemunhas, os bombeiros teriam chegado ao local somente 35 minutos depois do início do incêndio, e os hidrantes da rua estariam sem água.

Em nota, o Corpo de Bombeiros informou que a solicitação de socorro foi registrada às 23h24 no quartel da Gávea e a guarnição chegou ao local às 23h30. De acordo com os militares, quando a equipe chegou, o casal já havia saltado pela janela do apartamento. Segundo os bombeiros, a porta blindada do imóvel --com quatro fechaduras-- dificultou o acesso. A corporação também informou que, apesar da inoperância do hidrante, não faltou água para o combate ao incêndio, pois foi captada água no prédio vizinho.

Areosa era desembargador do Tribunal Regional do Trabalho, formado pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e autor de cinco livros, dentre eles "Processo do Trabalho - Teoria Geral do Processo Trabalhista e Processo de Conhecimento", publicado em 2009.

Vizinhos dizem que bombeiros estavam sem escada apropriada